Do Blog do Diário

Um dia após retomar o mandato parlamentar, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) repetiu a praxe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente Michel Temer: o tucano afirmou, em plenário, que é vítima de uma “ardilosa armação”, acrescentando que provará a inocência dele.

Afastado por determinação da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), após ser flagrado, em gravação, pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS. Mas o plenário do Senado derrubou o afastamento, por 44 votos a 26.

“Será no exercício do meu mandato que irei me defender das acusações absurdas e falsas que tenho sido alvo. Vítima de uma ardilosa armação, uma criminosa armação”, declarou o tucano, acrescentando que esta foi comandada por empresários que “enriqueceram às custas do dinheiro público” e “corroborada por homens de Estado”, em alusão a Joesley e ao ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, respectivamente. Este é o outro ponto de concordância entre ele e o presidente, que nesta semana enviou carta aos parlamentares se dizendo vítima de “conspiração”. Ambos esqueceram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Desacreditado, Aécio disse que trabalharia durante todo o mandato para provar a inocência, e talvez seja necessário. “No exercício deste mandato irei trabalhar a cada dia e a cada instante para provar a minha inocência. Fui alvo dos mais vis ataques nos últimos dias, mas não retorno a esta Casa com rancor e com ódio. Vim acompanhado da serenidade dos homens de bem e daqueles que conhecem a sua própria história. E a minha história é digna”, disse.

Em outra frente, Temer teria gastado mais do que saliva para ajudar o aliado tucano. O peemedebista autorizou – segundo o jornalista Josias de Sousa – atores políticos a acenar com a liberação de R$ 200 milhões em emendas orçamentárias. Aécio necessitava de 41 votos, mas obteve 44. O excedente foi da bancada do Mato Grosso do Sul, que outrora havia manifestado voto contrário, mas diante do aceno teria mudado de ideia.

Isso também explica os inúmeros enfermos presentes na votação. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), numa cadeira de rodas, o senador João Alberto (PMDB-MA), desmarcou uma cirurgia, agendada há tempos para o mesmo horário da votação, o líder do PSDB, Paulo Bauer (SC), que teve um mal súbito foi levado ao hospital e retornou às pressas, e, por fim, o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), como dito, haviam-lhe “arrancado metade das tripas”, mas estava lá. Agora, o Planalto aguarda a retribuição.