CRIMEPor Giovanni Sá, editor do Farol

A Lei do Talião, que teve origem a 1.700 anos antes de Cristo, foi praticada ao pé da risca ao longo deste 2016 em Serra Talhada. De fato, no Código de Hamurabi (lista de leis elaboradas por Hamurabi), já aparece escrito que a pena para um crime é, normalmente, idêntica ao dano provocado. A pena, por exemplo, para um homicídio é a morte: se a vítima, porém, é o filho de um outro homem, será dado à morte ao filho do assassino. Desta leitura, foi popularizada a expressão ‘olho por olho, dente por dente’.

Ao fazermos uma retrospectiva dos 40 homicídios praticados em Serra Talhada, observa-se que mais da metade das vítimas faziam parte do submundo do crime, com destaque para o conflituoso mercado de tráfico de drogas que cresce a cada dia em nossa cidade.

Tenho observado que há uma euforia todas às vezes que noticiamos o assassinato de alguém envolvido em atos criminosos. Expressões como ‘alma sebosa’, ‘bandido bom é bandido morto’, ‘escória da sociedade’, ‘menos um’,  e ‘já foi tarde para o inferno’, têm sido muito comum. Tudo pela liberdade de expressão.

Mas o buraco é mais embaixo. Foram 40 mortes de ‘almas sebosas’ que deveriam ser punidas de acordo com o Código Penal, e não de acordo com o Código de Hamurabi – olho por olho, dente por dente -. As ‘almas sebosas’ têm filhos, esposas e maridos, mães e pais. As ‘almas sebosas’, deveriam ter as mesmas oportunidades dada aos que residem no topo da pirâmide.

Antes que alguém venha baixar o nível do debate, não estou fazendo nenhum defesa daqueles que mataram, roubaram ou estupraram. Muito pelo contrário. Estou propondo o debate em torno da construção de uma sociedade que possibilite a conquista de direitos e deveres iguais para todos. Mas reconheço que a humanidade chegou ao seu estágio máximo de degeneração. Estamos no limiar da barbárie. Que Deus tenha piedade de nós!