Do Blog do Jamildo / NE10

Pré-candidata a governadora pelo PT em cenário de indefinição no partido sobre ter uma chapa própria na disputa ou se aliar ao PSB, a vereadora do Recife Marília Arraes afirmou nesta segunda-feira (23), em entrevista à Rádio Jornal, que sua posição é para não subir no palanque socialista. “O que aconteceria seria uma desmoralização do PT, uma diminuição dos espaços político-eleitorais. Acho muito difícil que o PT faça essa irresponsabilidade com o Estado”, afirmou.

Apesar do racha no partido, Marília Arraes afirma que a candidatura própria do PT é dada como certa. “Essa questão que não está fechado no partido é só uma questão burocrática”, defende. A executiva estadual da sigla marcou para 12 de maio um encontro para definir a posição para as eleições. Apesar disso, o resultado da votação deverá ser homologado pela direção nacional, que tem se aproximado do PSB.

Arraes minimiza as sinalizações nacionais de Lula sobre as conversas com o PSB. “O papel do presidente Lula sempre é de abrir portas, de expandir o leque de opções do Partido dos Trabalhadores”, disse.

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A vereadora afirma que hoje o PSB não tem feito gestos para o PT nem nacionalmente e enfatiza que o partido pode lançar o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa para a presidência da República, enquanto os petistas mantêm a pré-candidatura de Lula, apesar da prisão dele. “Já que está se falando de estratégias nacionais, precisaria de gestos nacionais do PSB. E quais foram os gestos? Estamos falando de coisas miúdas”. Citando tempo de televisão e garantia de apoio a Lula, afirmou: “nada disso foi colocado, pelo contrário, o PSB está com candidato à presidência da República”.

Marília Arraes afirma ainda que nenhuma proposta de aliança foi protocolada até 23 de fevereiro, prazo interno do partido para isso. Para a vereadora, a militância petista não é favorável ao apoio ao PSB. “Essas pessoas que estão indo para a rua e lutando por tudo que nós acreditamos não podem ser decepcionadas. Por que o PSB considera consolidada a aliança e a gente não pode ter respeitada a nossa opinião?”, questionou.
PSB de olho nos votos de Lula

A vereadora avalia que os socialistas têm apenas interesse eleitoral na aliança. “É mais fácil perguntar qual é o interesse deles nisso tudo, qual é o interesse em ficar o tempo todo atacando uma candidatura do PT, um partido que eles mesmos expurgaram”, disse. “Porque é uma candidatura que tem chances reais de ganhar a eleição, que tem o apoio do presidente Lula aconteça o que acontecer eleitoralmente e juridicamente. O interesse deles é surfar na popularidade do presidente Lula, se aproveitar da força dele e ao mesmo tempo tirar a nossa candidatura, que é bastante competitiva”, afirmou.

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Nacionalmente, o PSB rompeu com o PT em 2013, por causa da candidatura do ex-governador Eduardo Campos, primo da vereadora, à presidência. Marília Arraes brigou com os socialistas no ano seguinte e deixou o partido em 2016, se filiando ao Partido dos Trabalhadores com a ficha abonada por Lula.
Chapa proporcional

Marília Arraes rechaçou os cálculos de políticos que defendem a aliança com o PSB, de que o PT poderia eleger mais deputados se estivesse coligado com os socialistas. “Várias pessoas históricas estão fugindo da chapa (do PSB) de tão difícil que é”, analisou. “Se aliando com o PSB fica muito difícil eleger deputado federal e pode diminuir a bancada na Alepe”. Nas contas da vereadora, com candidatura própria poderiam ser eleitos dois nomes para a Câmara dos Deputados, entre eles o presidente da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), Carlos Veras, seu aliado.

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“Temos uma chapa proporcional boa no caso de candidatura própria”, pressionou. “No caso de aliança, seria esvaziada, e e nossos candidatos teriam dificuldade de atingir os do PSB, até mesmo por falta de recursos”.

Questionada como pretende financiar a campanha, ela respondeu: “Não vale a pena conseguir recursos de certas maneiras não republicanas. Depois as consequências são muito graves”.

A vereadora afirma que tem conversado com partidos para a montagem da chapa, mas não cita quais. Apesar disso, praticamente descarta ter na chapa o PCdoB, que nacionalmente é um dos principais aliados do PT mas em Pernambuco mantém acordo com o PSB. “Seria interessante, seria importantíssimo até por causa da afinidade nacional que o PCdoB tem com o PT, mas considero muito complicada no cenário local”, disse. Os comunistas receberam o ex-prefeito do Recife João Paulo, fundador do PT que deixou o partido por causa da indefinição.