Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 05h13 desta quinta-feira (19)

Após um hiato de quase dois anos, a série do FAROLProfissões Esquecidas’, volta às ruas de Serra Talhada para contar um pouco da vida e do exemplo de superação de um filho de portugueses, que nasceu no estado de Minas Gerias, mas que há mais de 30 anos resolveu fincar os pés no Pajeú e construir uma nova história. O nosso personagem é o senhor Edson José Bernardo, de 75 anos, mais que prefere ser chamado por todos como ‘Seu Edson’.

A reportagem conversou com ‘Seu Edson’ tendo como companhia o seu inseparável carrinho de lanches e a presença dos seus fiéis clientes. Herdeiro das tradições portuguesas, o simpático vendedor de lanches é um homem tranquilo e paciente, mesmo tendo que enfrentar um jornada de quase 15 horas de trabalho ininterruptas, que começa ainda na noite do dia anterior.

“Começo a trabalhar em casa às 23 horas, com a massa lenta, por que a massa rápida é amarga, e fico na rua até onze e meia, meio dia…! Eu faço a massa. Enquanto a massa vai crescendo eu vou preparando o recheio, depois do recheio eu pego e vou preparando (a massa) pra ir assar, colocando na assadeiras, ai às 5 da manhã começa assar. Às 6 horas da manhã começo a fritar os pasteis, as coxinhas, fazer os sucos. De 7 horas eu saio pra cá”, relata Seu Edson.

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TUDO COMEÇOU COM O INCENTIVO DA ESPOSA

Seu Edson veio para Serra Talhada como funcionário da empreiteira Mendes Júnior, no entanto, o seu coração foi literalmente ‘fisgado’ pelas mãos e elegância da Professora Elisete Silva Lopes, que na época era funcionária de uma farmácia muito tradicional na cidade. Após o casamento, Seu Edson deixou a empreiteira e com o passar do tempo o desemprego passou a incomodar. Foi nesse período que a esposa do nosso personagem deu a ideia para que fosse vender lanches.

“No início ele (Edson) ficou receoso, afinal ele sempre tinha trabalhado em escritório. Mas eu e as meninas demos a maior força. Sabíamos que ele precisava desse apoio. O primeiro dia foi o mais tenso, cheio de expectativa. Então, quando apontou na rua com todos os lanches foi maior alegria. No começo Edson vendia aqui pela Bomba (BR-232 e ruas adjacentes), mas depois se fixou aqui na Avenida (Miguel de Souza) e por ai já se vão 18 anos”, relatou Elisete Lopes.

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A esposa e companheira de batalhas de ‘Seu Edson’ também é uma testemunha da dedicação com o qual ele produz os seus lanches e também do seu carinho com os clientes.

“Sempre que ele faz um lanche novo, pede para provar. Não gosta de levar nada que não esteja bom para os seus clientes. E os clientes são tudo pra ele! Nem no carnaval para porque tem clientes que marcam para comer os lanches. O pessoal sai da festa e já vai esperar lá na rua”, revela a professora.

Após mais de 18 anos de trabalho, o carismático vendedor de lanches já adquiriu sua independência financeira e consegui viver com muita dignidade através dos seus esforços.

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“Aqui eu pago as despesas da minha casa toda, meus medicamentos tudo, pago a faculdade e o transporte da minha neta poder estudar. Pago as coisas do meu neto”.

” EU LEVO A VIDA ASSIM: SORRINDO E BRINCANDO COM TODOS’

Seu Edson é uma pessoa muito querida, isso se justifica pela forma com a qual busca viver. “Eu levo vida assim: sorrindo e brincando com tudo o mundo!”, declara com alegria.

Já no final da entrevista, Seu Edson fez questão de deixar uma mensagem baseada em princípios morais e a palavras de motivação para os muitos jovens que estão buscando emprego ou que estão sem um rumo na vida.

“Primeiro estudo. Segundo bola pra frente, pensar no futuro promissor, nunca pensar no que é alheio. Ter coragem e falar, e sempre ter persistência. Sem persistência não adianta não. É preciso dizer ‘eu quero’, porquê quem quer consegue”.