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Historicamente, os negros foram representados pela arte ocidental sob esteriótipos negativos, geralmente ligados à escravidão, sexualização, violência ou loucura.

Foi contrariando essa tradição que o recifense Samuel d’Saboia, de apenas 20 anos, conquistou os salões de arte de metrópoles como São Paulo e Nova York.

Natural do Totó, bairro da Zona Oeste, ele é representante de um movimento chamado Afropresentismo, que usa de uma estética contemporânea para redefinir a representação do negro na arte e reivindicar avanços para essa população na atualidade. Seus traços também transcenderam as telas e já estiveram no São Paulo Fashion Week e em um editorial da revista Elle.

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Em contraste com o Afrofuturismo, movimento artístico que idealiza o negro no futuro, o Afropresentismo quer pensar o negro de hoje. “Eu quero realizações no agora e prezo muito pela união de todos, independe da raça. Nossos ideias como seres humanos são muito maiores do que isso tudo”, diz o jovem, em entrevista ao Viver.

Nas obras, ele exalta a negritude com traços contemporâneos, coloridos e produzidos com técnicas de mixed media – que utiliza de múltiplos tipos de materiais. “Tinta acrílica, a óleo ou guache, café, carvão, jornais ou pigmentos mais caros. Uso o que eu tiver na mão”.

Atualmente, ele se prepara para duas exposições nos Estados Unidos. Uma será em Atlanta, organizada pela Messy Magazine, e outra na galeria Ghost Project, em Nova York. No intuito de arrecadar a quantia suficiente para a estadia no exterior, ele montou uma campanha de vendas sob encomenda. A ideia é arrecadar mais de R$ 15 mil (equivalente a U$ 4 mil) para bancar as passagens de avião, alimentação e transporte durante os quatro meses nos EUA.

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Obras pinceladas no papel custam em torno de R$ 350, já as telas são vendidas a partir de R$ 1500. Samuel recebe encomendas na DM (direct message) do seu Instagram (@sarmurr). Grande parte dos pedidos estão sendo feitos por nova-iorquinos e entregues por transportadoras. Em Recife, sua terra natal, o público ainda é escasso. “Mas aqui eu faço questão de entregar os trabalhos pessoalmente”, diz ele.