Paulo César

Por Paulo César Gomes, professor, escritor e colunista do Farol

No último mês de julho Serra Talhada retomou para o si o título de “Capital da Beleza Feminina”, uma honraria que reflete a importância da mulher para nossa história, não só pelo quesito beleza. Mas por buscar através da formas mais singelas as alternativas para superarem o machismo explícito que domina a cidade.

Infelizmente, as mulheres serra-talhadenses ainda são impedidas de ocuparem espaços relevantes na política local, um bom exemplo é a forma como a vice-prefeita, Tatiana Duarte, foi tratada durante os quatros anos de mandato. Ela foi posta na condição de “vice decorativa”, sem ter voz e nem vez. Justamente ela que foi a primeira mulher a ocupar o cargo.

O curioso é que as mulheres representam 54,06% do eleitorado em Serra Talhada, o que significa dizer que 29.242 estão aptas a votarem. Outro dado interessante é que 7.414 mulheres possuem o ensino médio completo (o antigo 2º Grau), enquanto apenas 4.950 homens concluíram essa etapa de nível educacional. As mulheres também lideram o quesito nível superior, onde 2.726 já possuem o diploma universitário, enquanto apenas 1.257 homens conseguiram concluir um curso superior.

Os dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) nos levam a crer que as mulheres possuem mais qualidades para votarem com consciência do que os homens. No entanto, o que vemos na prática é que o sexo feminino está excluído do universo da política local. Para os “caciques”, o lugar da mulher é no meio da rua, segurando bandeiras e distribuindo panfletos nos porta a portas.

A realidade é ainda mais cruel quando percebemos que as mulheres que disputam vagas para a Câmara de Vereadores são apenas 32, a exata quantidade exigida por lei para que uma chapa seja registrada na Justiça Eleitoral.

Muitas delas dão o nome apenas para compor as chapas, o que levam elas a terem uma votação baixa, o que leva elas posteriormente se tornarem motivo de ironias e de gozação. Das 32 candidatas apenas três parecem possuir fôlego para vencer a “macharia” que domina a Câmara de Vereadores. Vera Gama, Alice de Izivaldo e Tatiana Duarte vão ter que suar a camisa para conseguir uma das 17 cadeiras.

Já na disputa majoritária a vitória feminina parece ser bastante difícil, isso por que a chapa de Otoni Catarelli, que tem na vice a professora Maraisa, vem encontrando bastante dificuldade para emplacar a campanha nas ruas. Mas Maraisa pode se orgulhar de um fato marcante. Mesmo sendo uma professora, possui um patrimônio maior que o do prefeito da cidade.

Enquanto a professora do ensino fundamental declarou possuir uma casa no valor de R$ 40 mil, o prefeito declarou um patrimônio que não condiz com a arrecadação salarial de quem já foi por 3 anos secretário de governo, 8 anos vice-prefeito e 3 anos e 8 meses prefeito. Bem que o prefeito Luciano Duque poderia abrir mão do salário. Quem sabe assim a coisa ficaria bem menos demagógica.

Diante do exposto é preciso que se diga que está na hora das mulheres serra-talhadenses ocuparem os seus lugares na história. Derrubando as barreiras e vencendo os preconceitos. Exercendo um papel que não é o de serem coadjuvantes, mas de protagonistas na cena política de Serra Talhada.

Um forte abraço e até a próxima!