O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) convocou imprensa, parlamentares e militantes para um tumultuado evento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, na tarde desta quinta-feira (10). Lá, ele anunciou “noivado” com o Partido Ecológico Nacional (PEN), futuro Patriota, pelo qual deverá se lançar candidato à Presidência da República no próximo ano.

Enquanto não oficializa a relação, o parlamentar fez uso dos holofotes para fazer considerações sobre a atual conjuntura do País e colocou o partido que irá integrar “contra a parede”. Bolsonaro condicionou a ida para a legenda à retirada de ação do partido que corre no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, vencer a causa poderia significar o “enterro” da Lava Jato.

Sem contar esse obstáculo, o “casório” entre o deputado e o partido parece ir muito bem. Ao lado do presidente do PEN, Adilson Barroso, Bolsonaro defendeu sua posição, surpreendendo o chefe do partido, que tergiversou sobre o tema e reforçou apoio da ida do parlamentar para a legenda.

No ano passado, o PEN impetrou ação no STF questionando entendimento do tribunal que permitiu que pessoas condenadas em 2ª instância já poderiam cumprir pena. Segundo Barroso, na época em que a ação foi movida, a liderança do partido considerava que a decisão do STF poderia prejudicar pessoas pobres e favorecer o encarceramento em massa. Para Bolsonaro, porém, se favorável, o resultado do mérito da ação pode “enterrar” a Operação Lava Jato.

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“Essa ação, de boa fé, tenho certeza disso, foi patrocinada pelo PEN. Tenho certeza que foi de boa fé. Mas foi o Partido Ecológico Nacional que patrocinou essa ação. Foi o senhor Kakay que procurou o PEN. O senhor Kakay declarou, de forma bastante serena, que procurou o partido que não tinha parlamentares envolvidos na Lava Jato. Nenhuma mentira até aí. Mas, com o possível fim da Lava Jato, essa grande maldade terá um pai, e esse pai se chama PEN”, ressaltou Bolsonaro.

Ao mencionar o advogado Antônio Carlos de Almeida, o Kakay, Bolsonaro fez referência à atuação dele na defesa do ex-ministro José Dirceu. Ainda assim, a principal razão para Bolsonaro não firmar acordo com o PEN seria a possibilidade de o STF ser favorável à ação movida pela legenda.

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“Esse meu casamento encontra esse obstáculo pela frente. Ou o partido descobre uma maneira de desistir da ação, que nós não poderemos ser coniventes com a corrupção, mesmo a ação sendo legal, mesmo nós reconhecendo o julgado no Supremo Tribunal Federal, a gente não pode entrar numa possível campanha presidencial sendo atacado como candidato cujo partido enterrou a Lava Jato. Se eu estiver errado, estou pronto para ouvir críticas”, asseverou o parlamentar.

“Distritão”

Durante a fala, transmitida também pela internet, Bolsonaro aproveitou para criticar o “distritão” e a possibilidade de criação de um fundo eleitoral.

Na madrugada desta quinta, a comissão especial da Câmara dos Deputados, em Brasília, que discutia a reforma eleitoral aprovou o projeto que prevê a mudança no sistema eleitoral e prevê a criação de um fundo de R$ 3,6 bilhões para campanhas. Entenda aqui o que é o “distritão”.

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“A história de possivelmente se criar o tal do ‘distritão’, que seria o estadão, os candidatos mais votados em cada estado tomariam posse em Brasília, é um acinte. Os partidos iriam lançar o menor número de candidatos possível para que não houvesse pulverização de votos e eles pudessem fazer os seus eleitos. Ficaria, então, com toda certeza, na legenda, os atuais mandatários em Brasília e um ou dois em cada legenda. Esses um ou dois, só o diabo sabe como seria esse critério. Mas, nós, o povo, estaria reelegendo, no mínimo, 90% da Câmara dos Deputados e o que é mais grave, com R$ 3,6 bilhões de um fundo democrático eleitoral. É um acinte”, criticou Bolsonaro.