O município de Itacuruba, no Sertão de Pernambuco, recebeu uma homenagem inusitada na quinta-feira (13). O nome da cidade de aproximadamente 4 mil habitantes fará parte da nomenclatura de um asteroide, o 10468, descoberto em 1981. O anúncio foi feito durante o congresso científico “Asteroids, Comets, Meteors – ACM”, realizado na cidade de Montevidéu, no Uruguai.

O nome foi sugerido pela equipe do Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (Oasi), como uma homenagem à cidade onde está instalado. No Oasi é desenvolvido o projeto IMPACTON, do Observatório Nacional, dedicado ao estudo de propriedades físicas de asteroides e cometas, particularmente daqueles que possuem órbitas próximas e são potencialmente perigosos para a Terra. O telescópio operado no Oasi é o segundo maior em solo brasileiro.

O asteroide “10468 Itacuruba” está localizado no cinturão principal de asteroides, região do Sistema Solar entre os planetas Marte e Júpiter. Tem um período orbital de 3,58 anos em torno do Sol e um tamanho estimado entre 2 a 5 km de diâmetro. Foi descoberto em 1º de março de 1981 pelo astrônomo S. J. Bus no observatório de Siding Spring, na Austrália e, até então, tinha a denominação provisória de “1981 EH9”.

Pelas regras da União Astronômica Internacional (UAI), quando um novo asteroide é descoberto, seus descobridores têm o direito de sugerir um nome, que deve ser submetido à aprovação da comissão específica da UAI. Entretanto, é comum que membros de grandes projetos de monitoramento de asteroides “cedam” a prerrogativa de sugerir nomes a grupos e instituições de ensino e pesquisa.

Desta forma, já se tornou tradição que o congresso ACM, realizado a cada três anos em diferentes cidades do mundo, homenageie pesquisadores e instituições de destaque na área. No Brasil, alguns astrônomos e personalidades já foram homenageados. Entre as poucas cidades brasileiras eternizadas no céu, Itacuruba é a primeira do Sertão.

A homenagem a Itacuruba é um agradecimento à população do município que acolheu a construção do Oasi, que entrou em operação em 2011. Mas também tem o objetivo de chamar atenção para a preservação do céu noturno da região semiárida brasileira. Por suas características climáticas e a ainda baixa poluição luminosa, o Sertão oferece a todos, astrônomos ou não, a maravilhosa oportunidade de contemplação do céu. Locais como esses devem ser preservados como patrimônio da humanidade para as gerações futuras.

Do G1 Caruaru