“Não existe nenhuma chance de ser vice do Lula”, afirmou o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT), em palestra na UFF nesta terça-feira (27). Sob aplausos e em um auditório lotado dentro e fora, o possível candidato a presidente em 2018 pelo Partido Democrático Trabalhista comentou a crise econômica e política no país, escândalos de corrução e protestos, e as perspectivas e caminhos que poderão ser traçados nos próximos anos.

“O vice dos sonhos é o [Fernando] Haddad, esse é o dream team”, respondeu Ciro à plateia, sem poupar críticas a outros políticos como o atual prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), a quem ele chamou de “o novo [Fernando] Collor”.

“O Rio de Janeiro precisa de um movimento diferente, especialmente por causa de uma charmosíssima esquerda da Zona Sul, que acha que o legal é botar defeito em todo mundo”, comentou o ex-ministro sobre o Rio, onde morou 18 anos no bairro do Jardim Botânico. “O cara que quer ser prefeito no Rio não pode ser estreito”, disse Ciro se referindo ao candidato a prefeito nas últimas eleições municipais Marcelo Freixo (PSOL).

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“O projeto no Rio de Janeiro precisa discutir as três razões que levaram o estado à situação atual. E nenhum deles é a corrupção. Primeira razão: várias concessões para além da perna em matéria de servidor público. Você não pode ficar aumentando isso, sem resolver as equações de cofinanciamento disso”, comentou o presidenciável, acrescentando: “No Ceará, nós cobramos 8% de imposto sobre herança, e fazemos popularidade na despesa, as 100 melhores escolas do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] são do Ceará”.

Duas outras razões, segundo ele, são a “queda brutal da receita do Rio causada pelo governo federal”, e “uma política absolutamente ruidosa de juros alto que infla de forma impagável a dívida do Rio com a União”, completou.

O ex-ministro defendeu uma reforma política e um Projeto Nacional de Desenvolvimento. O “Brasil Nação” é um plano econômico criado pelo presidenciável e pelo economista e ex-ministro da Fazenda Bresser Pereira, ao lado de outros nomes da política brasileira, em março deste ano. O plano pretende driblar as crises política e econômica que assolam o país, além de trazer uma solução para o pouco crescimento que o Brasil vivencia nos últimos anos. “Que Brasil nós queremos ter nos próximos anos, que protagonismos globais nós queremos ter”, acrescentou Ciro.

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Corrupção

Ciro destacou que a corrupção não é responsável pela crise econômica no país. Ela destrói sim, segundo ele, qualquer possibilidade de envolvimento da população. “É um câncer que não tem preço”, mas não é o fator principal.

“O PSDB que eu ajudei a fundar tinha doze deputados quando o Fernando Henrique Cardoso foi eleito. E agora eles querem uma cláusula que impeça partidos pequenos. O PT, quando o Lula foi candidato pela primeira vez, tinha quatorze deputados. Dois partidos que vieram para a hegemonia contemporânea eram pequenos partidos, e a grande canalhice de hoje não é obra dos pequenos, é obra dos grandes. Basicamente do PMDB que virou uma quadrilha. A reforma política deve ser algo que permite furar o tumor desta grande coalizão de bandidos que se elegem juntos para assaltar, e depois separam o motim como quadrilheiros que são”, afirmou Ciro, que defende o financiamento público de campanha.

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“A única coisa ruim é uma democracia de cidadão desenergizado, pouco militante, pouco participativo, e pior, pouco informado, que se vê diante do processo político como um objeto ou cliente”, disse o ex-ministro, convocando para a greve geral marcada para o próximo dia 30 de junho, sexta-feira.