“O Farol não pode perder o contato com as ruas, não pode!, não pode!”. Quase que diariamente, essa frase ecoava de forma inquieta pelas salas do Farol de Notícias.

E vinha revestida em tom de ordem, como se estivéssemos em um quartel cuja a missão principal seria nunca se afastar do sentimento da população.

A frase saia da boca do ‘el comandante’ Alejandro Jorge García Mosca, entrando num sadio confronto com os editores Giovanni Sá e Giovanni Filho.

Alejandro era o nosso termômetro e a válvula de escape do povo. Quando os moradores o viam chegar com a indelével câmera fotográfica, sabiam que suas demandas finalmente iriam ganhar importância.

Ao lado do ‘hombre’, o Farol de Notícias viveu, ao longo de sete anos, dezenas de aventuras e ainda planejava passar por muitas outras ‘poucas e boas’.

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Em defesa da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e da garantia de direitos aos mais necessitados, García travou embates com muita gente, pois era essencialmente crítico.

Assim não deixou de acumular desafetos, que acima de tudo, tiveram que aprender na marra a respeitá-lo como profissional e como mestre das imagens que era.

No entanto, devido o trato simples, humano e sensível, o ‘argentino mais serra-talhadense do mundo’ conseguiu edificar uma frondosa árvore de amigos, fãs e admiradores.

E foi com eles que dividiu um inegável espírito juvenil. Um espírito que não o deixava esmorecer diante flagrantes e desrespeitos ao ser humano. Sua arma? O clique.

Com a máquina nas mãos fez guerra, instaurou a paz, construiu fortificações de memórias e plantou o amor. Fez morada e fincou seu chão.

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Pelo Sertão apaixonou-se ! Viveu eternamente jovem num invólucro setentão que lhe pintou um característico cavanhaque grisalho.

Ah, o tempo… O tempo e suas peripécias… O que fazer, além de brindá-lo. O que fazer além de degustar de boas histórias vividas em defesa daquilo que se acredita de verdade.

Em busca de um ideal de mundo melhor e mais justo! Sempre! Com esse espírito viveu Alejandro García.

Viveu como vivem os poetas: espantando-se e apaixonando-se a cada segundo pelas pessoas, pela troca de experiência entre elas, pelos seus conflitos, pelo sorriso das crianças…

Estais a sorrir agora, caro amigo! E nós a sorrir contigo, pelos bons momentos vividos ao teu lado! Que teu espírito quixotesco e tua sensibilidade abençoe Serra Talhada.

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Leva contigo a imagem desta cidade, os seus sons, o pranto, os sonhos e as gargalhadas de quem continua a viver por aqui. Leva contigo! É teu presente!

Enquanto isso, seguiremos honrando o teu legado debulhando o mar dessas histórias… Não iremos esquecer das ruas, pois elas falarão por ti.

E que nesta partida amargurada, a saudade nos fique como lição. Obrigado por tudo, grande amigo, professor e autêntico revolucionário, Alejandro García.

DA EQUIPE FAROL DE NOTÍCIAS

Registro feito por Alejandro do açude Cachoeira, em Serra Talhada