Por Jorge Apolônio, policial federal e membro da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

Publicado às 05h40 desta terça-feira (21)

Você se sente representado por algum dos nossos vereadores? O eleitorado serratalhadense era de 54.083 pessoas nas eleições de 2016. A imensa maioria desse eleitorado não se sente representada pelos vereadores. Não é para menos, pois só 23.069 eleitores elegeram os 17 vereadores que aí estão. Ou seja, só 42,65% dos eleitores decidiram que os vereadores deveriam ser esses aí mesmo. Mais da metade, 57,35% disseram NÃO a eles, votaram em outros candidatos (ou não votaram em ninguém) e perderam. Então, os eleitos representam quem, além de seus nichos? Eis abaixo como o descuido de grande parte do eleitorado resulta na eleição de vereadores despreparados e aquém do nível de Serra Talhada. Eram 103 candidatos para 17 cadeiras. Isso deu 6 candidatos por vaga.

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Como é que um cidadão se elege vereador? Não é fácil, mas há um método em comum. Como o quadro eleitoral é imenso, e o candidato não precisa de todos os votos, mas só de uma parcela X, que no caso de Serra Talhada gira em média de 1.300 votos, o candidato escolhe uma fração da sociedade ou uma comunidade à qual ele se devota ao longo de anos, fazendo todo tipo de serviço social e até pessoal naquele meio. São os tais “serviços prestados”. O resultado é batata. A prova desta tese, e o que não falta é prova, está em uma fala do presidente da câmara, o Excelentíssimo Sr. Nailson. Em um dos seus SINCERICÍDIOS, ele disse que não representava a comunidade de Santa Rita. Quem conhece sua origem sabe que ele se acha representante é da comunidade Saco, pois esta é que tem peso em sua eleição. Santa Rita tem peso na eleição de outro vereador. Mas também há o representante de Bernardo Vieira, o de Caiçarinha da Penha etc.

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Isso é bom para a sociedade? Se você analisar a representatividade de 42,65% contra 57,35%, NÃO, isso não é bom para a sociedade. Como se não bastasse a baixa capacidade da maioria dos vereadores para o cargo, esses dois números explicam o altíssimo índice de cidadãos que não se sentem representados pelos vereadores.

Se você considerar que, quando há ações desses vereadores, grande parte é voltada para essas comunidades que os elegeram e não para a sociedade como um todo, você perceberá que a câmara desde sempre tem sido sequestrada por minorias em detrimento da maioria. É assim que os vereadores mantêm um eleitorado mais ou menos cativo para uma reeleição. E dê-lhe assistencialismo!

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Como sair dessa sinuca de bico? Dando prioridade à capacidade e não à localidade dos candidatos, focando nos melhores candidatos. Uma ideia seria alguma entidade séria, usando critérios objetivos, fazer uma pré-seleção dos 17 melhores candidatos e dar ênfase a isso durante a campanha. Se 57.35% dos eleitores tivessem tido essa visão e não dispersado tanto seu voto entre os 86 não-eleitos, teriam feito valer a lógica de 57,35% vencerem 42,65%, e o quadro da câmara seria bem melhor.