Da Folha de PE

O último fim de semana do Festival de Inverno de Garanhuns foi marcado por polêmicas envolvendo a comunidade LGBT. Logo após a peça “O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu”, protagonizada pela atriz transexual Renata Carvalho, ter sido encenada de forma independente e em meio a ameaças, críticas e liminares judiciais ordenando sua suspensão, o cantor Johnny Hooker subiu ao palco, ainda na noite da sexta-feira (27), protestando contra a censura sofrida pela produção do espetáculo e entoando coros provocativos dizendo que Jesus seria homossexual. Hooker foi vaiado pelos ocupantes dos camarotes oficiais e aplaudido por boa parte do público presente.

Ele somou-se a artistas como Daniela Mercury, que no fim de semana anterior já havia declarado seu apoio à causa LGBT, e Felipe Catto, Gaby Amarantos e Beth de Oxum, que vestiram roupas e portaram bandeiras com as cores do arco-íris. No encerramento dos shows deste sábado (28), a Nova Cena Pernambucana (grupo formado por Aninha Martins, Flaira Ferro, Isaar, Isadora Melo, Martins, Almério, Romero Ferro, Juliano Holanda e Amaro Freitas) exibiu cartazes com os dizeres “Lula Livre”, “Marielle Vive” e “Amorxs Trans”.

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Entre o show de Lula Queiroga e o da Nova Cena, um desfile da estilista Carol Monteiro, intitulado “Moda Sustentável”, levou modelos de várias etnias e orientações sexuais ao palco Mestre Dominguinhos. Na saída, um modelo com uma camiseta com os dizeres “Deus me fez travesti” subiu à passarela e provocou a plateia, dizendo: “aceitem que dói menos”.

A atitude dos artistas levou o prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (um dos principais opositores à peça censurada), a divulgar uma nota de repúdio em seu perfil oficial no Instagram: “Vimos a público manifestar nosso repúdio às apresentações ofensivas e desrespeitosas que aconteceram nesta cidade (…) Artistas sem postura, desrespeitando seus próprios fãs e os cidadãos de Garanhuns”.

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Régis afirmou que Johnny Hooker acabou “proferindo todo tipo de palavrões e hostilidade” e “provocações contra símbolos religiosos”, e também criticou Daniela Mercury, a quem descreveu como portadora de um “discurso de senso comum, simplista e arrogante”.

O secretário de Cultura de Pernambuco, Marcelino Granja, disse à reportagem da Folha de Pernambuco que a liberdade é um “território de luta” e que a 28ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns foi um sucesso também neste sentido.

Opiniões

“Foi um grande espaço de expressão da liberdade e do respeito à diversidade, com manifestação livre de opiniões dos artistas e do povo, afinal de contas a arte é a mais complexa das linguagens humanas”.

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“O FIG termina em meio a toda essa força de expressão da arte, de opiniões e de credos, lembrando ao povo brasileiro sobre a importância da luta constante pela liberdade de expressão artística, religiosa, política, sexual e de pensamento, como caminho para construirmos uma sociedade tolerante, solidária e desenvolvida”, finalizou.