Neste domingo (29), o FAROL publica a segunda parte da entrevista exclusiva realizada com a vice-prefeita Tatiana Duarte (PSC). Ela aceitou o nosso convite para visitar a redação do portal na última sexta-feira (27) e falou sobre assuntos espinhosos (leia a parte 1 da entrevista).

Nesta segunda etapa da conversa, a ex-secretária da Mulher (exonerada na última sexta pelo prefeito Luciano Duque) fala sobre o legado deixado a frente da pasta e sobre o preconceito que vem sofrendo enquanto mulher na política.

Tatiana lembra que, apesar das retaliações que tem sofrido, não irá ficar calada e nem “emprestar” seu nome para fortalecer legenda de ninguém. A entrevista foi concedida à repórter do FAROL, Emmanuelle Silva. Vale a conferir!

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ENTREVISTA – TATIANA DUARTE – PARTE 2

FAROL: Vice-prefeita, nós temos em Serra Talhada diversos espaços de discussão política, mas as mulheres não participam tanto desse processo. Só temos uma vereadora, a senhora como vice. Como a senhora percebe o protagonismo da mulher na política?

Tatiana Duarte: Isso é uma necessidade. A mulher, e não somente ela, mas como falamos especificamente das mulheres, têm certa aversão à política, mas não a política como a arte de servir ao bem comum, mas como ela tem sido feita. Os políticos, nós políticos precisamos urgentemente de uma mudança de postura. Deixar de tanta falácia, de tanto discurso decorado, de tanto jargão político e de fato ter uma postura diferente. Então, isso afastou muito, as mulheres tem certa aversão, mas é necessário porque tudo passa pela política. Negar a política não faz bem para ninguém. Negar a politicagem sim, mas a política não. E as mulheres precisam ocupar esse espaço.

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FAROL: Sua tese é: as mulheres são vítima de preconceito na política de Serra Talhada. Mas muitas ainda continuam sendo usadas como trampolim político, não concorda?

Tatiana Duarte:Ainda sofremos um preconceito muito grande, eu estou na política e seu o que estou falando. O machismo é muito presente, nos querem como figura decorativa. Eu não tenho esse perfil, eu não empresto meu nome para completar legenda, para completar cota.

Se eu colocar meu nome eu vou para a disputa, se eu estiver em um espaço de decisão a minha voz será ouvida. Porque as mulheres de Serra Talhada entendem o que eu estou falando por elas. Em mim está o sonho, em mim estão às aspirações.

Tem esperanças de muitas mulheres que estão, que não podem estar nesse espaço, mas acreditam no que eu estou falando. Eu não posso me calar. Eu preciso de fato falar. Então, essa deve ser a postura de nós mulheres, enfrentar mesmo esse machismo de frente, essa segregação, que os homens imaginam que eles são os donos da política. Vamos partir para uma ofensiva, sim.

FAROL: A secretaria da Mulher irá inaugurar segunda-feira o Centro de Referência ao Atendimento a Mulher (CRAM) que é um espaço bastante importante para as mulheres de Serra Talhada.

FAROL: Como a senhora se sente diante dessa conquista correndo o risco de ser exonerada nos próximos dias?

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T.D.:Essa conquista foi maravilhosa, porque é uma parceria importante com o Estado e ainda na gestão do antigo governador, o saudoso Eduardo Campos, nós independente de partidarismo, nós procuramos manter uma boa relação. Nesse momento o que importa são os anseios e as necessidades das nossas mulheres, índices altíssimos de violência, e o Estado tinha a proposta desses equipamentos nos municípios, e nós conseguimos.

A secretaria da Mulher conseguiu esse equipamento que é único aqui na nossa região. Equipamento importante, com equipe técnica, ainda iniciando seus trabalhos, mas já temos tido resultados. Conseguiremos fazer um atendimento e acolher bem essas mulheres, e estaremos inaugurando nessa segunda-feira e eu deixo o convite a toda a população para conhecer.

Foi o importante o equipamento, porque a secretaria trabalha e ela tem vários eixos. Ela trabalha autonomia, ela trabalha a questão da educação da cultura, da mulher na saúde, empoderamento, participação política. E um dos eixos, violência, mas a violência ela é prioridade, então acabava que quando nós tínhamos casos e isso é uma constante, nós acabávamos deixando todos os outros eixos e dando importância só a violência. E não estávamos conseguindo efetivar, de fato, as políticas públicas necessárias.

O equipamento chegou e tomou para, o equipamento é único, o único eixo, o CRAM só trabalha com violência. Daí nós conseguimos efetivar o nosso trabalho e fazer um enfrentamento em rede. Eu sempre digo, não tem como fazer enfrentamento a nenhum tipo de violência, não só contra a mulher. Mas se for em rede, outros atores, outros organismos e outras instituições para juntos fazer esse enfrentamento.

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Então, quando o CRAM chegou nós começamos a fazer essa articulação de fortalecer outros organismos, de montar a rede, de fortalecer a rede e fazer o enfrentamento. E estamos aí, um número de denúncias significativo, eu sempre faço essa leitura, não é que o número de casos de violência tenha aumentado, mas as denúncias sim e isso é positivo dentro do nosso trabalho.

FAROL: Tatiana Duarte deixou um legado a frente da Secretaria da Mulher?

T.D.: Na nossa gestão nos destacamos no cenário nacional, nos destacamos no cenário estadual, e recebemos prêmios importantes. A prefeitura efetivou muitas ações que favorecem a mulher, que atendem a mulher e esse conjunto de ações resultou nesse prêmio. Vamos receber o prêmio na terça-feira (31), na Assembleia Legislativa do Estado, de Prefeitura Amiga da Mulher, para nós é um incentivo. Serra Talhada hoje é referência no Pajeú, e porque não dizer no Estado.

Tendo em vista que estamos sendo premiados, isso é um incentivo para que o trabalho continue, isso é reconhecimento do trabalho de toda uma equipe. Nós só temos que agradecer e continuar. Passamos por um crivo, por uma avaliação, é mérito de fato da prefeitura, da Secretaria da Mulher em especial, mas também de outras secretarias como Educação, Desenvolvimento Social, Esportes, que também têm ações transversais conosco e que atendem às mulheres, e tudo isso foi uma somatória que nos levou a conquistar o prêmio.