O professor e escritor de Serra Talhada, Paulo César Gomes, é petista de carteirinha. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) há duas décadas, chegou a ocupar cargos no diretório municipal e estadual. Hoje, o “PC”, como é mais conhecido, sofre um processo de exclusão partidária porque ousa questionar as ações do prefeito Luciano Duque e o próprio comportamento do partido o qual ajudou a fundar.

“No momento em que nos posicionamos contra a filiação de Luciano Duque, passamos a ser tratados com desconfiança por algumas lideranças partidárias. Entreguei a minha carta de afastamento da executiva municipal, participei intensamente da campanha de 2012 e até gravei mensagem de apoio para o guia eleitoral e defendi  a candidatura do prefeito em textos publicados no FAROL”, relembra Paulo César Gomes. Agora, ele faz uma breve avaliação do comportamento político do PT e do governo Duque.

FAROL – Por que a gestão  de Luciano Duque não tem as bandeiras históricas do PT?

PAULO CÉSAR- A primeira questão é fato de que foi uma candidatura que não têm origem dentro do PT, não passou por um processo natural de discussão, como é costumeiro no partido, onde se debate a tática, a estratégia e projeto político. Além disso, Luciano Duque filiou-se no PT por sobrevivência e não por acreditar no projeto político do partido.  Isso significa dizer que ele não foi convencido a ser “petista”, por isso ele entrou no PT sem trazer nenhum aliado.  A candidatura de Luciano nasceu no grupo do Deputado Inocêncio Oliveira, que acabou refutando o nome dele, sendo assim, não existe o DNA do PT na origem da candidatura, o PT apenas o adotou.

FAROL-   Por que o prefeito não participa do cotidiano do partido?

PAULO CÉSAR- É simples, se o prefeito até hoje não filiou ninguém do seu grupo ao PT, é sinal de que ele não encarnou a alma petista. O prefeito também não está oficialmente ligado a nenhuma tendência, o que é bom por um lado, mas por outro ele fica sem discussão partidária, pois as discussões no PT ocorrem primeiro na tendência pra depois ser discutida pelo diretório municipal.  Sem tendência o prefeito fica livre e solto para fazer o que bem entender.

Na verdade Luciano Duque está com o corpo no PT, mas sua alma e a sua cabeça estão direcionados para outro modelo político. Um modelo que ele combateu na eleição e que está, consciente ou inconscientemente, adotando. No entanto, isso tudo acontece com o aval do partido, a maioria dos lideres petistas são passivos diante dessa situação, isso acontece porque o poder chegou às mãos de alguns petistas de uma forma muito rápida, e agora fica difícil cobrar alguma coisa do prefeito, já que ele beneficiou a todos.