O FAROL conversou, na tarde dessa quinta-feira (19), com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Áureo Cisneiros, que chegou na cidade para convocar os policiais lotados na Delegacia local a aderirem à operação Polícia Cidadã.

A iniciativa tem o objetivo de alertar o governo Paulo Câmara para uma série de problemas que estão dificultando o trabalho da Polícia Civil há anos no Estado. Entre eles, a falta de efetivo para atender a grande demanda de serviços e os baixos salários. Vale a pena conferir a entrevista:

ENTREVISTA ÁUREO CISNEIROS

Colaborou Emmanuelle Silva (Farol de Notícias)

IMG-20150320-WA0088Sindicato conseguiu mobilizar policiais civis na Delegacia de Serra Talhada

FAROL: Com que objetivo a cúpula do Sinpol chega a Serra Talhada nessa quinta (19)?

ÁUREO CISNEIROS: Hoje é a campanha salarial da gente, a gente está instalando no dia 6 de abril a campanha Polícia Cidadã, que é a gente trabalhar dentro da legalidade. A gente exige que o governo nos dê mínimo condições de trabalho, se o governo não nos atender irá paralisar as atividades da Polícia Civil, e a Polícia Cidadã. Hoje a gente trabalha com 40% do nosso efetivo, ou seja, 60% das vagas da Polícia Civil estão ociosas.

Estamos em sobrecarga, várias delegacias fechando, a população sem ser atendida com eficiência pela Polícia Civil, muitos inquéritos parados por falta de investigadores para apurar os crimes. Muitos criminosos na rua sem serem punidos, a impunidade está aumentando muito e isso está acarretando a falência do Pacto pela Vida.

FAROL: O governo Paulo Câmara já sinalizou para atender as demandas da categoria?

AC: Até agora o governo não se pronunciou. Está dizendo que vai negociar, que vai abrir concurso, mas concretamente a gente não viu essa ação do governo. Há diálogo, já houve uma rodada de negociações, a gente já sentou duas vezes na mesa de negociações, só que o governo pediu 120 dias por causa da crise econômica do estado e ia ajustar a Lei de Responsabilidade e só poderia dar resposta as nossas reivindicações em maio.

E em maio a polícia vai estar com essa campanha nas ruas, a Polícia Cidadã, e a gente vai informar a população de Pernambuco o porque da Polícia Civil atrasar seu trabalho e consequentemente o atendimento da população. Mas gente vai dizer o porque, o Governo do Estado não tem dado condições dignas ao policial civil para trabalhar. Por exemplo, a gente recebe o segundo pior salário do país e está com toda essa defasagem nos quadros de agentes, de escrivães, auxiliares de peritos, peritos. Tudo isso está acarretando uma menor eficiência no trabalho da polícia investigação.

FAROL: A operação Polícia Cidadã, então, é um grito de alerta, porque a situação da Polícia Civil em PE não é boa… O que é mais grave?

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AC: A gente chega em qualquer delegacia falta policiais para investigar, falta policial para registrar queixa, falta escrivão de polícia, falta delegado de polícia. Então, isso não pode acontecer, o cidadão paga seus impostos para ter o serviço de segurança e não está tendo com eficiência, pois não está contratando gente para trabalhar.

Então, a gente está passando nas regionais, nas principais delegacias, nas seccionais. As delegacias de grande porte que comandam todas as outras cidades e fazendo reuniões, como aqui em Serra, com um bom número de policiais agora na nossa reunião. E a gente crê que 100% do nosso efetivo venham para a operação Polícia Cidadã. A gente vai chamar uma coletiva em Recife, colocando as dificuldades, as deficiências da Polícia Civil e vamos chamar uma coletiva de imprensa para anunciar a todo o estado de Pernambuco que a Polícia Civil vai estar em operação padrão, que é a nossa operação Polícia Cidadã.

Infelizmente, no atraso do atendimento aqui nas delegacias e até nos institutos, porque a gente só pode atender se tiver o efetivo ao menos um pouco maior, 50%, que ainda não será suficiente. Mas se o governo contratar 2 mil agentes, investigadores, a gente vai melhorar o atendimento, mas como está agora a Polícia Civil está em colapso.

FAROL: Aqui em Serra Talhada polícia civil já está bastante sobrecarregada, inclusive com vários casos de assassinatos para apurar e que precisam de uma resposta à população. Mesmo diante esse cenário, podemos dizer que as delegacias de PE irão parar já no próximo mês?

AC: Até o governo atender nossas reivindicações, se o governo não atender a gente vai intensificar ainda mais a operação Polícia Cidadã. Mas a gente vai informar, a gente terá 150 mil cartas para a população de Pernambuco e vai explicar o porque dessa operação. As delegacias irão parar praticamente, ou vai parar ou vai diminuir muito as atividades e vai diminuir muito o ritmo da Polícia Civil no atendimento à população. Não porque a gente não quer, mas porque o governo não dá mínimas condições de trabalho ao Policial Civil de Pernambuco.

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