Por Paulo César Gomes, professor, escritor, colunista e repórter especial do Farol

Publicado às 05h19 desta terça-feira (20)

Essa opinião é fruto da minha indignação frente aos comentários postado aqui no FAROL, em relação a opinião da nossa companheira Manu Silva, expressa no texto “Marielle é a ‘prova morta’ do desastre da intervenção no Rio”.

Nota-se que alguns comentários são fruto da ignorância (falta de conhecimento do caso), do preconceito racial, de posturas homofóbicas associadas aos retrógrados e superados pensamentos fascistas.

Primeiramente, registro que o texto da Professora Manu Silva está totalmente dentro do contexto do debate que se trava no Brasil e no mundo em relação as responsabilidades pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

Nesse sentido, é preciso destacar a posição pública assumida pela ONU, de repúdio e cobrando esclarecimentos em relação ao duplo homicídio, e do Parlamento Europeu, que inclusive discute a possibilidade de punir o Brasil, ou seja, o Estado brasileiro está sendo responsabilizado em escala internacional.

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O Exército brasileiro e o governo golpista de Michel Temer são diretamente responsáveis pelo que ocorreu com Marielle, já que a Constituição Federal prevê que “é dever do Estado garantir a segurança para todos os cidadãos brasileiros”, e no caso do Rio de Janeiro, diante da Intervenção Federal, a responsabilidade é do Exército. Dessa forma não há o que se discutir.

O Exercito e Temer falharam ao não evitar que duas pessoas fossem assassinadas covardemente em uma emboscada arquitetada e planejada nos mínimos detalhes.

Marielle e Anderson Gomes não foram assassinados em função de uma briga de trânsito, uma discussão de mesa de bar ou uma briga de casal, nem muito menos reagiram ao um assalto ou foram vitimas de uma bala perdida.

O crime foi político e premeditado. O assassinos tinham um alvo certo. O objetivo era calar uma mulher negra e favelada, que ascendeu ao poder através do voto popular e que ousou enfrentar aquilo que Michel Temer e os seus interventores jamais buscaram enfrentar.

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Marielle ao contrário, ousou levantar a sua voz, mas ‘eles’ se incomodaram, e resolveram calar sua voz. No entanto, eles mataram uma mulher negra, mas acabaram alimentado as vozes de centenas e milhares de outras Marielles.

Lamento que em pleno século XXI, alguns conterrâneos pensem que a cidade ainda é uma cidade perdida no tempo e no espaço. Porém, é importante que reflitam sobre os novos tempos.

Tempos de globalização, de informação, de transformação. Não há mais espaço no mundo moderno para pensamentos superados pelo tempo, pensamentos esses que já foram derrotados e que hoje estão sucumbidos ao reles papel de lixo da história. Entres eles, a Ditadura Militar, Escravidão, Nazismo e o Fascismo.

Marielle Franco, ao contrário. Ela agora faz parte da história do Brasil. O seu assassinato agora entra, infelizmente, para o rol das tragédias políticas que ajudaram a mudar o país.

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A exemplo dos assassinatos de João Pessoa; do Major Vaz; do estudante Esdon Luiz; do jornalista Vlademir Herzog; da sindicalista Margarida Alves; do sindicalista Chico Mendes, entre outros. E por essas razões que se deve respeitar a opinião da nossa caríssima Manu Silva.

O assassinato de Marielle e Anderson é algo que deve ser repudiado por toda a sociedade. O país deve cobrar que os culpados – mandantes e executores – sejam identificados e condenados.

Não se poder aceitar esse tipo de prática e muito menos querer adulterar ou difamar a memória de uma pessoa. Marielle foi uma guerreira, uma lutadora. Sua memória deve ser preservada até por que as suas bandeiras continuam de pé.

Marielle, presente, agora e sempre!