Por Giovanni Alves e Giovanni Sá

O ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) é um pai generoso. Tão generoso que privilegiou seu “garoto”, o deputado federal Fernando Filho (PSB) – forasteiro que obteve mil votos em Serra Talhada – com o maior volume de empenhos para liberação de emendas (R$ 9,1 milhões), segundo reportagem publicada pelo jornal FOLHA DE SÃO PAULO, neste sábado.  

Conforme apurou a FOLHA, no “festival” de emendas liberadas pelo “papai” de ‘Fernandinho’ em 2011, várias cidades do interior – redutos eleitorais do deputado – deverão ser contempladas com recursos do Ministério da Integração, para construção, principalmente, de poços artesianos. Em 2010, quando o “garoto” não tinha o pai no ministério, o deputado beneficiou sítios (a maioria de particulares) em Ouricuri, Cedro, Verdejante, Exu, Petrolina, Bodocó, Petrolândia, Dormentes e Salgueiro

Esta é mais uma faceta do socialista Fernando Filho, que pouco anda em Serra Talhada, e prepara-se para outros voos. ‘Fernandinho forasteiro’ é pré-candidato a prefeito de Petrolina , caso se eleja, será mais um caso de “urna orfã” na Capital do Xaxado.

O laço de sangue e trabalho entre o pai-ministro e o deputado se torna mais um caso de “incesto político”, onde os interesses republicanos, mais uma vez, ficam soterrados por outros interesses. Não se tem informações que Fernando Filho tenha alocado emendas importantes com volumes vultosos de repasses em obras para Serra Talhada.

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O ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) privilegiou seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (PSB-PE), com o maior volume de liberação de emendas parlamentares de sua pasta em 2011.

Coelho foi o único congressista que teve todo o dinheiro pedido empenhado (reservado no Orçamento para pagamento) pelo ministério (R$ 9,1 milhões), superando 219 colegas que também solicitaram recursos para obras da Integração. Liberado em dezembro, o dinheiro solicitado pelo deputado irá para ações tocadas pela estatal Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba).

A empresa pública é presidida interinamente pelo seu tio, Clementino Coelho, irmão do ministro da Integração Nacional. Na noite ontem, o Planalto dava como certa a saída de Clementino do cargo. Em nota, o ministério negou que o filho do ministro tenha sido favorecido. Segundo a pasta, outros deputados tiveram “emendas aprovadas em percentuais equivalentes”.

As emendas do deputado do ano passado ainda não foram aplicadas. Mas as de 2010, também direcionadas à estatal do tio, beneficiaram seus redutos eleitorais. No final de 2010, a Codevasf, usando R$ 1,3 milhão das emendas do filho do ministro, contratou uma empresa de Petrolina (a 740 km de Recife) chamada Hidrosondas para furar poços em 92 localidades de Pernambuco.

O contrato foi assinado pelo superintendente da estatal em Petrolina, Luís Eduardo Frota, indicado ao cargo pela família do ministro. Os sítios beneficiados com poços (a maioria, propriedades particulares) ficam em municípios em que Coelho recebeu quase metade dos seus votos na eleição para a Câmara em 2010.

Dentre as cidades pernambucanas, estão Ouricuri, Cedro, Verdejante, Exu, Petrolina, Bodocó, Petrolândia, Dormentes e Salgueiro. Segundo a Folha apurou, foi o próprio deputado federal que escolheu os lugares das obras-tocadas em 2011, quando o pai do deputado já era ministro e Clementino presidia a estatal.

EMENDAS DE 2011 – A Folha levantou as emendas parlamentares apresentadas ao Orçamento de 2011 e verificou diversos casos de parlamentares que chegaram a apresentar pedidos de verbas em volume maior do que Coelho Filho, mas que não tiveram nenhum real liberado pela pasta.

O dinheiro liberado pelo ministério servirá para a realização de obras de abastecimento de água em municípios no sertão de Pernambuco, reduto da família Coelho. O deputado é [também] pré-candidato à Prefeitura de Petrolina, que já foi administrada pelo pai. Na última semana, o ministro Bezerra foi alvo de críticas por conta dos critérios na distribuição de verbas para a prevenção às enchentes.

Um dos programas do ministério teve 95,5% dos pedidos de verba sob a gestão Bezerra em favor de seu Estado. Chamado pelo Planalto a dar explicações, ele reagiu, dividindo a responsabilidade com a presidente Dilma Rousseff e exigindo autonomia. A situação gerou um desconforto entre o governo e o PSB, partido do ministro.

Fernando Bezerra foi indicado em 2010 pelo governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Ontem, o ministro teve que negar que pediria demissão do cargo, após a informação de que sairia se espalhar por redes sociais. Bezerra disse pelo Twitter que a presidente o convocou para uma conversa na segunda-feira.

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