Por Cornélio Pedro da Costa, Comissário de Polícia Civil

Olá bom dia colegas faroleiros. Numa paródia ao Papa Francisco venho hoje pedir humildemente a sua  permissão em adentrar na vossa leitura dominical, e compartilhar um pouco das minhas lembranças e dividir saudades. Temos visto e ouvido nestes últimos dias as várias polêmicas sobre a secular Festa de Setembro, a Festa da Padroeira Nossa Senhora da Penha. Polêmicas a parte, como não rememorar esta tradicional festa da nossa história? A começar pela linda imagem da padroeira vista em seus majestosos andores ornamentados e cercados pelos devotos a desfilar na sua procissão, marcados pela fé e tradição católica.

Quando menino lembro-me das varias celebrações em que participei; e ainda hoje uma voz rouca ecoa na minha mente, forte e vigorosa carregada com o sotaque italiano sempre a cobrar das crianças o cuidado em não chupar “CHICLÊ” na igreja. Que saudades daquele velho JEEP e seu condutor Pe.JESUS. Marcante em suas passagens nas vias em busca de levar a evangelização aos rincões de nossa comunidade. O marcante da festa era a preocupação e o cuidado principalmente com as vestimentas, todo mundo sempre a se preparar para os últimos dias desta e o seu ápice. O dia 07 no desfile cívico e a procissão dia 08, onde ficava visível a escolha das melhores e mais vistosas roupas.

A estrutura da festa hoje “high-tech”, na verdade se estabelecia principalmente de barracas feitas de palha, papelão e cobertas de lona com suas faixas e homenagens pessoais. Tudo carinhosamente arrumado a espera de um público fiel, que chegaria logo após o final da novena, anunciado através do estouro dos fogos e da passagem certa da Filarmônica Vilabelense a frente o Seu Nogueira (SIÔ  e SIÁ) a circular na praça. Quem não se encantou com a diversidade e multiplicidade de sons e cores, despertou paixões ao som dos sucessos da época.

Amplamente explorado pelos sons individuais dos barraqueiros. Cada um ao seu gosto. Ouviram-se desde Roberto Carlos, Jane e Herondy e o hit NÃO SE VÁ, Alceu Valença, indo aos românticos internacionais Bee Gees, Demis Russos, Lionel Ritchie. Os bailes eram no CIST. Inesquecíveis as idas e vindas obrigatória ao Parque Lima antes fincado em frente  ao Banco do Brasil e depois levado a Rua do Correio. Lembro que começava a juntar os trocados já antecipadamente. A presença marcante nas escolas onde nos preparávamos com os ensaios, para a competição da melhor apresentação no desfile magistral da Rua 15.

Bandas, carros alegóricos, animais e jovens ansiosos em representar seus grêmios escolares, sonhos, fantasias e cores. Nada contra as mudanças. Pois sabemos que na vida é algo constante e necessário. Mas que se valorize a historia e respeite a tradição. Um abraço e feliz domingo!