Neste Miss Brasil o coração está dividido entre a conterrânea e as ‘manas’ negras

Por Manu Silva – militante social e repórter e redatora do Farol de Notícias

Pela faixa e coroa 27 belas mulheres de todos os estados brasileiros e a capital federal disputam o Miss Brasil Universo neste sábado (1º). Às vésperas das eleições municipais o país inteiro vai parar de pensar em política para saber quem é a mais nova representante da beleza feminina brasileira. Este ano o concurso está mais próximo do Sertão, pois Pernambuco está sendo representado por uma serra-talhadense, Tallita Martins. A bela jovem trilhou seu caminho desde muito cedo e já se destaca pela desenvoltura nas passarelas e ensaios fotográficos.

Porém, temos que considerar que esse Miss Brasil será histórico, com um recorde que tenho comemorado muito. Seis candidatas negras de diversas regiões do país e todas são o mais belo exemplo da diversidade racial e étnica dessa nação. As misses Victoria Esteves (Bahia), Beatriz Leite (Espírito Santo), Deise D’Anne (Maranhão), Raissa Santana (Paraná), Mariana Theol Denny (Rondônia) e Sabrina Paiva (São Paulo). Confesso que as minha as favoritas são a Miss Maranhão e a Miss Paraná, mas Pernambuco sempre estará à frente. Vai Tallita!

Além de ter sido uma das juradas do Miss Serra Talhada que escolheu Tallita Martins para representar a cidade no estadual (em 2015), fui por um breve tempo professora da jovem. Quando iniciei minha graduação em Licenciatura em Letras fui bolsista e atuei no Cornélio Soares, escola que Tallita concluiu o ensino médio e também onde começou sua carreira no mundo das misses com o Miss Estudantil (em 2013). Um dos maiores destaques atuais de Serra Talhada, era uma aluna comum, tímida e cheia de trejeitos de modelo. Vai Tallita!

Assim como também fui uma das juradas da 1ª edição do Miss Beleza Negra, que elegeu também em 2015, Neidinha Olímpio. Pesquisando um pouco sobre a história do Miss Brasil, podemos ver que em 62 anos houve apenas uma vencedora negra, a gaúcha Deise Nunes, eleita em 1986. Trinta anos após, ver seis candidatas na disputa é um grande passo na luta do empoderamento da mulher negra. Ao mesmo tempo que em 2015 apenas uma das candidatas era negra (a Miss Distrito Federal Amanda Balbino).

É muito importante ver negras em lugares de destaque em todos os espaços sociais. Na mídia, na moda e nos concursos de beleza é um passo importante para dar as crianças e adolescentes negras representação. É a conquista de mais um espaço, nós negras também podemos. Então, estou dividida mesmo. Torcendo muito por Pernambuco, Serra Talhada e Tallita Martins. A vitória dela será histórica, primeira do estado. Se não acontecer. Que ganhe uma negra, faremos história igual. Vai Tallita! Vai Pernambuco! Vai Maranhão! Vai Paraná!