Fechar a prisão era uma das promessas de campanha de Obama em 2008, mas problemas jurídicos e políticos e entraves sobre o destino dos detidos o impediram de cumpri-la até agora. O centro, pela qual já passaram quase 800 prisioneiros, hoje abriga 91 pessoas. A BBC Brasil listou algumas das principais polêmicas envolvendo Guantánamo.
Denúncias de tortura
Advogados de prisioneiros, reportagens e investigações independentes denunciaram a prática de tortura no centro. Entre os métodos citados estavam a exposição dos detentos a música muito alta e temperaturas extremas, humilhações de cunho sexual e religioso, privação de sono e espancamentos. Em 2005, o então vice-presidente Dick Cheney rejeitou as acusações: “Não há nenhuma outra nação no mundo que trate pessoas que estavam determinadas a matar americanos da forma que nós tratamos essas pessoas.”
Convenção de Genebra
Ao erguer o complexo, o governo do então presidente George W. Bush argumentou que os presos ali não estariam sujeitos à Convenção de Genebra, tratado internacional de 1929 que definiu as regras para a detenção de prisioneiros de guerra. Segundo o governo americano, os presos não se enquadravam na convenção porque atuavam à margem da lei, e não como soldados convencionais.
Entre outros pontos, a convenção proíbe o uso de tortura física ou psicológica em interrogatórios. Em 2006, no entanto, o governo americano passou a considerar a convenção válida para todos os seus prisioneiros após a Suprema Corte condenar políticas que haviam mantido centenas de pessoas detidas por vários anos e sem julgamentos.
Greves de fome e alimentação forçada
Em resposta a prolongadas greves de fome entre prisioneiros, guardas de Guantánamo passaram a alimentá-los à força. Pelo método, eles eram presos a cadeiras e tinham um tubo inserido até a garganta através das narinas. O governo americano diz que o método só era usado em casos extremos, quando as várias tentativas de convencimento falhavam e a vida dos detentos corria riscos. A prática é condenada por várias associações médicas e já foi criticada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU.
Detentos jamais julgados
O governo americano diz que alguns detidos em Guantánamo são muito perigosos para serem transferidos, mas jamais poderão ser julgados por cortes nos EUA, já que a Justiça americana não aceitaria as provas ou a forma como foram coletadas.
Obama afirmou que comissões militares serão usadas para resolver os casos desses detentos, mas que a solução não pode criar um precedente para o futuro. Ele defende transferi-los para prisões de segurança máxima nos Estados Unidos. Há grande pressão contra a soltura de detidos em Guantánamo. Defensores da manutenção da prisão citam casos de ex-prisioneiros que supostamente teriam voltado a planejar e executar atentados após serem soltos.