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Por Manu Silva / Coletivo Fuáh, Movimento Diverso e repórter do Farol de Notícias

Nem só de decepções e alegrias esportivas se faz uma Olimpíada, e no Rio de Janeiro o espírito olímpico acendeu as cores da diversidade brasileira. Para mim não é surpresa alguma, mas há quem reconheça que as mulheres não estão fazendo feio. Elas estão no centro de todas as atenções, da abertura às medalhas e como atletas muito competentes em seus esportes. No último dia 5 de agosto os olhos do mundo estavam voltados para a solenidade de abertura e foi muito representativo ver duas mulheres à frente da delegação: a modelo transexual, Lea T; e a atleta de pentatlo moderno, sertaneja de Afogados da Ingazeira, Yane Marques.

As apresentações musicais foram lindas, grandes nomes da música popular brasileira. Caetano e Gil sendo maravilhosos como sempre ao lado de Anitta, um grande espetáculo. Nada que se compare ao pequeno Gildo sambando como um grande passista, o sambista Wilson das Neves chamando toda a velha guarda para abençoar os jogos. E todo o tombamento e fechação da pequena Mc Sophia e a diva Karol Conka, cantando e fazendo rap sobre o poder da mulher na sociedade. Desde a abertura que o sucesso feminino nas Olimpíadas estava decretado. “Mamacita fala…”

E o primeiro ouro, quem viu? Diz com orgulho: preta, pobre, periférica, lésbica e medalhista. A judoca Rafaela Silva deu um show de cidadania e empoderamento, respondendo com seu sucesso os ataques racistas que sofreu nas Olimpíadas de Londres. A negra que nunca mereceu jaula foi para o merecido lugar, o alto do pódio. As seleções femininas de futebol e vôlei, se apresentaram melhor que os meninos na competição. Mesmo sendo eliminadas no vôlei e no futebol, a campanha que fizeram foi uma ótima oportunidade de mostrar para os manos. E quem curte um jogo de bola sabe que a Marta fez mais bonito que o Neymar. 

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Outra curiosidade desse evento esportivo foram os pedidos de casamento. No terceiro dia da Olimpíada, Isadora Cerullo, jogadora da seleção brasileira de rúgbi, foi pedida em casamento pela namorada e voluntária dos jogos, Marjorie Enya. O segundo casal LGBT a noivar foi o corredor de marcha atlética britânico Tom Bosworth e seu namorado Harry Dinley. O atleta fez o pedido na areia da praia de Copacabana. A grande mídia não estampa, mas as Olimpíadas do Brasil tem o dobro de atletas e já é considerada a mais LGBT da história, são 49 assumidos e seis estão nas delegações brasileiras.

Dentre eles, Larissa do vôlei de praia, Mayssa do handebol, Julia Vasconcelos do taekwondo, Isadora Cerullo do rúgbi, Ian Matos dos saltos e Rafaela Silva  do judô. Entre os estrangeiros estão medalhistas olímpicos como Tom Daley, britânico dos saltos ornamentais, e Megan Rapinoe, americana do futebol feminino entre outros. Estamos vendo as Olimpíadas da Diversidade no mês que comemoramos a Visibilidade Lésbica. Cabe agora as militâncias, as organizações sociais e governamentais cuidarem para que o resto da sociedade e as instituições respeitem e garantam o mesmo espaço por trás das câmeras. Celebrai os jogos, celebrai a diversidade!

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