Por Jorge Apolônio, policial federal e membro da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

“Não Deixe o Samba Morrer” é um samba composto por Edson Conceição e Aloísio Silva. Foi gravado em 1975 pela cantora Alcione, que ganharia as paradas de sucesso no início do ano seguinte com essa canção, faixa de seu primeiro álbum de estúdio A Voz do Samba.

Pois bem, este samba fez história por se tornar um apelo na época para que os brasileiros não deixassem o samba se acabar “vítima” do sucesso avassalador da música internacional (em inglês) no Brasil. Naquele tempo, até brasileiros cantavam em inglês e, pior, sem sequer entender o que cantavam. São casos conhecidos: José Pereira da Silva era e é Christian , Ralph era Don Elliot, Fábio Jr. era Mark Davis, Jessé era Tony Stevens, Maurício Alberto era e é Morris Albert etc.

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O mundo girou, a vida seguiu, a onda internacional passou, o axé se foi, o pagode também, e o samba nunca morreu. Está firme até hoje.

Desde antes e durante todo esse tempo, com o talento e o prestígio de Luís Gonzaga, sobretudo, o forró sempre esteve ali em ritmo crescente. Veio o forró de bandas do Ceará com sua febre, depois veio o forró universitário com seu “chiquê”, e o mercado sempre esteve aberto para este estilo musical.

Agora, com essa avalanche provocada pelo estilo musical Sertanejo, é fato que as festas juninas mais tradicionais e portentosas, redutos exclusivos do forró, estão sendo invadidas por aquele ritmo. Porém, como todo modismo, isso passará. A história comprova isso.

Entre os forrozeiros, a revolta é grande, porém a reação de Alcimar Monteiro a esse fenômeno reflete despreparo para enfrentar o que ele considera um problema, destempero verborrágico, próprio dele, um pouco de desespero e um tanto de desrespeito a Marília Mendonça, aos congêneres dela e ao povo, sobretudo. Se o povo quer escutar Marília Mendonça no São João nordestino, a CULPA não é dela. Ah, então a culpa é do povo! Não! É um direito. O povo tem o direito de escutar a música que quiser, quando quiser. A reação de Elba já foi mais ponderada. É o que se espera de gente madura e competente: equilíbrio, para não perder a razão.

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Os forrozeiros precisam ter discernimento e humildade para admitir que esse sucesso avassalador do “Breganejo” é resultado de um trabalho de marketing muito bem elaborado. Coisa que os forrozeiros não fazem. Ora, se o marketing conseguiu vender Dilma duas vezes aos brasileiros, imaginem o que ele pode fazer, por exemplo, com a música, mesmo a considerada ruim.

O que fazer então, forrozeiros? Ora, trabalhar, continuar fazendo belas canções de forró porque o que nunca faltou no Nordeste foram talentos maravilhosos para isso nem admiradores aos milhões.

Voltando a Alcione, ela já passou de 40 anos de carreira cantando samba e está presente em todo evento musical que se preze. Elba e Alcimar também já têm décadas de sucesso musical. Porém lhes falta aprender de uma vez por todas que o novo sempre vem e, inclusive, muitas vezes, nem se estabelece. A vida segue.