Por Jorge Apolônio, policial federal e membro da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

Homo homini lúpus – “O homem é o lobo do homem”, frase de Plauto (254 – 184 a. C), tornada célebre pelo filósofo inglês Thomas Hobbes (séc. XVII), que significa que o homem é o maior inimigo do próprio homem. Pela idade da frase, percebe-se que os problemas das relações humanas não são novos. Mas também é perceptível que as democracias apresentam soluções para tais problemas, afinal, para evitar o caos e pacificar a relação entre os homens, é que a sociedade criou o Estado e deu a este o poder de polícia.

De onde vêm os bandidos violentos? Da sociedade. De onde vêm as vítimas da violência? Da sociedade. De onde vêm os policiais que devem prender os bandidos e proteger as vítimas? Da sociedade. Vê-se que os problemas e as soluções estão dentro da própria sociedade Concluímos até aqui que os bandidos, as vítimas e os policiais não vêm de Marte. Óbvio.

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Quem é que tem o poder (ou deveria ter) de prevenir a violência por todos os meios, não só pelos meios policiais, estruturar a polícia, manter presos os bandidos e dar segurança à sociedade? O Estado. Com todo respeito à fé de cada um, concluímos até aqui que a responsabilidade pela segurança é do Estado e não de algum ente divino Óbvio também.

Quem é que mantém o Estado? A sociedade com seus impostos e taxas (tributos). Quem é que constitui o Estado? A sociedade, elegendo seus mandatários e fornecendo seus servidores, ambas as classes oriundas da própria sociedade para prestar-lhe serviços devidamente remunerados. Concluímos até aqui que o Estado é uma entidade da sociedade composta por entes da sociedade e por ela pagos para servi-la.

Como se vê e se sente na pele, estamos numa crise, sobretudo, de corrupção e violência. Falemos da violência, consequência também da corrupção. Como a febre é sinal de infecção, a violência descontrolada é sinal de falha grave da sociedade. E onde nós falhamos? Falhamos vergonhosamente na estupidez e irresponsabilidade com que escolhemos nossos mandatários.

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Nós temos demonstrado que somos incapazes de escolher os melhores de nossa sociedade para nos liderar. Nós insistimos no erro de escolher sempre os mesmos incompetentes e corruptos que nos desrespeitam, roubam e nos atrasam a cada mandato. Ano após ano, nós permitimos que crescesse um sistema político corrupto que desestimula o cidadão de bem a participar por temer pela sua honra e integridade física até. Parimos um monstro, e este monstro está a devorar nossa sociedade.

O que fazer? Há saída? Há. Na vida, sempre há maneiras de melhorar – ou piorar. Precisamos, entre muitas coisas, mudar nosso sistema político/eleitoral. Ah, mas isso quem muda são os políticos e eles não vão querer fazer as mudanças necessárias em prejuízo próprio! Infelizmente, é verdade. Como não há democracia sem políticos, então, só resta à própria sociedade trocar os políticos. É só não reeleger nenhum e eleger os que assumam este compromisso também. Ah, mas estes vão prometer e também não vão cumprir.

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Ora, troca de novo na próxima. Gradualmente vamos limpando o quadro. Será o golpe de mestre da sociedade. Óbvio assim, mas, lamentavelmente, existe uma massa imensa de ignorantes que não têm a mínima percepção dessa obviedade. É essa massa medíocre que contribui imensamente para a situação caótica em que o Estado se encontra. Cabe à parte esclarecida da sociedade esclarecê-los. Faça sua parte. Você também é responsável. Não se baste na crítica fácil.