Por Jorge Apolônio, policial federal e membro da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

O lixo é um problema mundial, um dos maiores da humanidade, 7,6 bilhões de habitantes. Com ele, estamos poluindo até os oceanos, que compõem a maior parte do planeta Terra, cerca de 70% da superfície.

Se é um dos maiores problemas da humanidade, é óbvio que é um dos maiores problemas das cidades. E quanto maior a população, pior o problema.

Cuidar do lixo custa caro, mas é possível obter lucro. Porém, para isso, é necessário fazer vultosos investimentos antes. Esse dinheiro, a imensa maioria dos municípios brasileiros não tem. Entretanto, é preciso tomar providência. É preciso ter coragem, mas também competência. Não há, nem metaforicamente, como jogar o lixo para debaixo do tapete.

Portanto, o drama do lixo pelo qual atualmente também passa não é um “privilégio” da sociedade serratalhadense. Mas o que revoltou a população foi a forma como o prefeito e os vereadores implementaram sua taxa. Faltaram aos políticos transparência e parcimônia, além de habilidade.

Existe um forró cujo refrão diz “Você não vale nada, mas eu gosto de você”. Viria ela a calhar, no caso? Esta música do nosso cancioneiro nordestino tem dois personagens:

a) o amoral, que é o alvo da paixão do segundo personagem e desmerecedor dessa paixão por ser quem é, amoral; e

b) o masoquista, desprovido de amor próprio, autoestima, que ama o amoral, mesmo consciente de sua amoralidade e do quanto isso faz sofrer.

Por analogia, seria possível transferir a situação da música para o quadro formado na câmara de vereadores de Serra Talhada, no protesto contra a implantação da taxa do lixo, quando uma eleitora dizendo: “Vocês não valem nada!”, teve a coragem de externar sua sincera opinião sobre os vereadores de nossa cidade???

Pelos comentários feitos neste blog, muitos dos serratalhadenses concordam com ela e gostariam de ter dito a mesma frase, mas lhes sobrou comedimento ou faltou coragem mesmo.

Esta relação conturbada eleitor-político pode gerar inúmeras frases de repúdio, mas, especificamente a dita pela eleitora no protesto, se possível a analogia da música somada à convicção da eleitora, poderia ter sido dita assim: “Vocês não valem nada, mas eu voto em vocês”.