Giovanni Filho é jornalista no Farol de Notícias

Por mais trágico que pareça, tem se gastado tempo e ranger de dentes nas ruas, redes sociais e na mídia com a possível candidatura do conservador e extremista Jair Bolsonaro ao cargo de presidente num cenário de diretas no Brasil a curto prazo. Mas sendo-lhes sincero, há algo de positivo nisso.

Primeiro, porque seria um baita teste às nossas instituições, frente ao risco de colocarmos em xeque a própria noção de democracia e liberdade que compartilhamos com mais veemência desde a nociva experiência da Ditadura Militar.

Segundo, diante o imaginário moralizador da política, que busca inculcar valores ascetas às ideias de justiça, ética, respeito, igualdade e alteridade, votar em Bolsonaro é pôr à prova também o espírito do nosso tempo, como diria Hegel. Em outros termos, seria hora de colocar à prova o nosso bom e mau caratismo cívico.

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Bom, do ponto de vista da oportunidade de negação ao conjunto de valores que Bolsonaro representa fruto de uma mentalidade cretácea que defende uma plataforma de ação etnocêntrica, baseada na militarização e em ideais sexistas e homofóbicos.

O terceiro ponto positivo é a oportunidade de, no saldão de ideologias secretas guardadas em cada âmago, sabermos quem é quem nisso tudo. Digo, seria fácil e até cômico (como não já vem sendo?) perceber quem de fato põe a cara na janela vestindo o uniforme de escoteiro chauvinista.

Gritam eles, lançando mão da panaceia: “Com Bolsonaro vai ser diferente!”. E pensar que acreditam mesmo em um avatar que vai trazer a cura para os grandes males do país cultivando distinção e preconceito às minorias, justo numa nação constituída culturalmente pela diversidade.

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Fora o lamentável exemplo dos Estados Unidos, a população de países como Holanda, França, entre outros ensinaram recentemente ao resto do planeta que, mesmo diante uma forte crise, a extrema direita não pode ter mais vez nos tempos atuais.

Ou seja, não é boa opção para guiar cenários que apontam irremediavelmente para caminhos de integração geopolítica, de respeito aos povos, às culturas, aos direitos humanos e ao meio ambiente. É chegada a hora do Brasil se posicionar da mesma forma caso o tal ‘mito’ arrisque, de fato, carnalizar-se em propostas.