Fotos: Farol de Notícias / Max Rodrigues

Publicado às 04h18 desta sexta-feira (18)

No último dia 06 de maio, a tradicional Escola de Referência em Ensino Médio Cornélio Soares completou 60 anos de fundação. Em face das comemorações de aniversário, a reportagem do FAROL, visitou o educandário e entrevistou um dos personagens de maior relação com a sexagenária escola.

O professor Geraldo Joaquim da Silva, 68 anos, conhecido entre os amigos como Gêra ou Geraldão, tem pouco mais de 56 anos de vida dedicado ao Cornélio Soares, primeiro como aluno, e depois como professor. Geraldo dividiu os estudos com a paixão pelo futebol amador e já fez história nos campos serra-talhadenses.

Ele conta que começou a estudar na escola no período em que lá se lecionava artesanato e posteriormente o ensino técnico industrial, que deu origem a expressão “Industrial” para se referir a escola.

“Eu comecei no Cornélio Soares em 1962, quando funcionava como Escola Artesanal. Era uma escola de artes, que era tida como escola de produção, mas nós aprendíamos a ler, a escrever, e depois continuávamos nossa vida com o nosso crescimento profissional. Quando eu cheguei aqui o diretor era Edgar Luís, depois chegou o professor Laércio, e a gente foi passando por esses tempos”, conta o histórico professor.

Veja também:   Vereador diz que Márcia só quer usar Sebastião por Marília

Para Geraldo, a escola marcou a sua vida desde a fase em que era estudante, principalmente por ter dado a possibilidade “ao menino pobre” de adquirir conhecimento.

“Na minha fase de aluno, o que me marcou e o que me marca até hoje nessa escola, foi o tempo que eu passei aqui como pobre, como menino vindo do mato, vindo da fazenda e começamos a aprender e fazer alguma coisa. Graças a Deus hoje eu não sou muita coisa, mas tenho outras profissões”.

50 ANOS NA VIDA DE PROFESSOR

Foi na década de 1970 que Geraldo começou a deixar a sua marca como grande educador. Por suas mãos já passaram várias gerações de serra-talhadenses, muitos do quais hoje ocupam espaço de destaque no nosso meio social. Apesar da fama de “professor carrasco”, Gêra é um educador atencioso e bem humorado.

Uma das suas marcas é o costume de desenhar nas provas um gatinho no lugar da nota zero. “Eu comecei a lecionar na escola em 1970 e desde esse tempo que eu continuo como professor de matemática, enrolando física com os meninos. Mas eu já tenho 48 anos de sala de aula”.

Veja também:   Avó é investigada após denunciar falso sequestro da neta de 1 ano

Ao ser indagado sobre o eu legado como educador, ele é objetivo e aponta a sua “contribuição a educação como marca” e filosofa ao afirmar que aprendeu tudo “com a vida”.

“A grande marca foi contribuir com a educação de Serra Talhada. Já me perguntaram na classe como eu aprendi a fazer as coisas. E eu respondi que aprendi com a vida. A vida é quem ensina a ser alguma coisa no dia de hoje. Quem não aprende não cresce, só cresce se fizer alguma coisa”, declarou Geraldo.

O lendário professor também analisou as diferenças entre o seu tempo de aluno e os dias atuais como mestre dos números e fórmulas.

“Nós tínhamos um tempo que não tinha nada do que nos proporcionam hoje. Se forem aplicados no sentido de crescimento, no bom sentido é muito válido. Porque facilita muito o trabalho, exercita o desenvolvimento e nós temos que acompanhar a evolução. Agora, que nada disso interfere quando nós queremos crescer. Temos o material e procuramos sempre trabalhar com as condições possíveis para render as condições”.

APOSENTADORIA DA SALA DE AULA

Depois de um longo tempo dedicado ao exercício do magistério, o ex-jogador de futebol amador e grande mestre das ciências exatas, afirma que é a hora deixar a sala de aula pode estar próximo. Mas que ainda assim não pretende parar seus estudos e pesquisas, pois segundo ele, “no isolamento a gente se acaba mais rápido”.

Veja também:   Márcia vibra com reforma do Mercado Público e rebate oposição

“Eu estou ficando velho, estou chegando ao final e quando eu terminar aqui os meus dias, que eu não sei até quando, Deus é quem sabe. Eu penso em fazer um lugarzinho para os meus estudos, não quero ficar isolado do mundo, não. No isolamento a gente se acaba mais rápido. Mais um ano, mais dois anos, não sei até quando. Enquanto eu tiver um gás, tiver me mexendo, a gente vai trabalhando”, concluiu o grande professor serra-talhadense Geraldo Joaquim da Silva.

Pajeú Futebol clube- Em pé: Guina, Gilberto, Parosi, Rui Grude Geraldo e Marcelo Rodrigues (Nem Pretinho) / Agachados: Zebone, Agenor, Deja, Bria e Zuza)