bandeira lgbtDia 29 de janeiro é o Dia da Visibilidade Trans, dia em que as pessoas que se identificam no T do LGBTI se tornam o centro das discussões. Inúmeros seminários, rodas de conversa, palestras e encontros da comunidade da bandeira do arco-íris. Uma luta incansável daqueles que já passaram por um longo processo de descoberta, aceitação e transição para se reencontrarem com o gênero que melhor lhes represente. Sinto muito muita falta dessas rodas de discussão, a vida adulta barra muito o ímpeto militante da juventude.

Como não podia deixar de comemorar a data, gostaria de partilhar uma reflexão que me veio por esses dias. O que passa pela cabeça de um homem trans ou de uma mulher trans? Quais às angústias e sofrimentos que enfrentam para ser quem realmente são? Como lutar contra o mundo para deixar sua aparência adequada a forma como se sente? Tanta resistência tem fim um dia? E para minha surpresa vi nas redes sociais uma parte das minhas perguntas respondidas. Conheci uma mulher trans e passei a admirar sua luta, mas agora quer voltar a ser ele. A divisa entre os opostos é tênue, mas nem sempre precisamos cruzá-la. Talvez seja divertido brincar com os opostos ou não há problema em passear pelos dois lados.

Relembrando de tudo que aprendi com esse amigo – sempre devemos tratar uma pessoa trans da forma que ele ou ela se identifica – me senti grata por conhecer alguém que tenha sido tão forte e corajoso de assumir uma postura diante do mundo que vai muito além do que esperavam dele. Enfrentar família, amigos, vizinhos, colegas de escola, transprofessores, pais dos amigos e todos que você cruza na rua e te julgam como se fosse o pior criminoso do mundo. E ainda usam Deus como desculpa para um ódio que ele não pegou, mas que é muito comum nas leis dos homens.

De qualquer forma, olhei bem para as fotos e quis enxergar nos olhos do meu mais novo amigo que ele está bem, está feliz assim e tudo que ele quis fazer nessa vida tenha sido feito. Imagino o quanto sua luta foi difícil, ele é o mais próximo de todas as reportagens e relatos que li de homens e mulheres sofrendo com transfobia pelo mundo. Tanta violência, tanta ignorância, tanto desamor. Espero que sua luta por dignidade não tenha acabado, só mudado de rumo. Meu amigo L, G, B, T, ou I não importa que nome tenha, ainda te vejo com os mesmos olhos.