Por Paulo César Gomes, professor de História e escritor serratalhadense

Alegria do Povo. Foi assim que o Anjo das Pernas Tortas, Mané Garrincha, ficou imortalizado. Um dos maiores jogadores do futebol mundial, bi-campeão pela seleção brasileira (1958/1962), com passagens por clubes como Botafogo, Corinthians, Flamengo, Vasco, Portuguesa e Olaria, onde encerrou a carreira como profissional, faleceu sozinho em um leito de um hospital no dia 20 de janeiro de 1983, vítima de complicações decorrentes da cirrose, culpa do excesso de álcool que consumiu ao longo da vida.

Mas, antes de morrer, o bola de ouro da copa de 1962, peregrinou por vários clubes e cidades do Brasil. O atacante tornou-se um nômade da bola. Ia para onde lhe ofereciam o melhor cachê. Desbravou o Brasil quase que por inteiro assim. Perdeu a conta de quantos clubes defendeu. Levava sempre algum dinheiro por onde passava, mas inevitavelmente deixava algo para o povo: alegria.

De Norte a Sul ele se apresentou desfilando a sua genial habilidade de driblar – algo espetacular para quem no início da carreira foi rotulado de aleijado em função das suas pernas tortas. Ainda na década de 1970, Mané jogou em gramados de várias cidades do interior do Nordeste, entre elas Currais Novos – RN, onde vestiu a camisa da seleção local, em Patos-PB, e pelo ASA de Arapiraca – AL.

No entanto, ele teve uma passagem pelo Sertão Pernambucano que é pouco conhecida pelos seus biógrafos. Pois, essa aparição“relâmpago” aconteceu justamente aqui, em Serra Talhada, no estádio “O Pereirão”. Infelizmente, por falta de registros documentais (jornais, revistas, vídeos), pouco se sabe sobre a presença de Garrincha em Serra Talhada.

Em função disso, muitas perguntas ficam sem respostas, como por exemplo, quem o contratou e qual foi o valor do cachê? Qual camisa vestiu no jogo? Como foi a sua atuação? E se ele chegou a frequentar algum bar ou ponto comercial parecido (na época uma dos points era o Bar de Nivalda) durante a sua estadia?

O certo é que existe uma foto em que o jogador aparece ao lado da madrinha e torcedora nº 1 do time do Comercial, Lia Lucas. Essa lacuna histórica impede que as novas gerações conheçam um pouco mais sobre a história do grande jogador brasileiro, mas principalmente, sobre a história da própria cidade, que lamentavelmente foi tratada por muitos anos com “desleixo” e sem o divido cuidado com a preservação da sua memória histórica.

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!