paulo césarPor Paulo César Gomes, Professor e colunista do Farol

O governo Paulo Câmara foi eleito com um discurso, que entre outras coisas, deixava claro que o salário dos professores iria dobrar até o fim do seu mandato. No entanto, o Projeto de Lei encaminhado no dia 11 para a Assembleia Legislativa do Estado (Alepe) pelo governador Paulo Câmara, em cumprimento à Lei do Piso Salarial Nacional do Ensino Básico (nº 11.738/08), contraria o que foi dito durante a campanha eleitoral.

A proposta vergonhosa e imoral do governo beneficia apenas uma pequena parte dos professores do Estado. O PL reajusta o piso salarial dos professores da rede oficial de Pernambuco em 13,01%, no entanto, o aumento só contemplará os professores do chamado magistério, os profissionais que tem apenas nível médio. Somente 4.060 profissionais, ou seja, 10% da categoria receberá o aumento. Já para os docentes com nível superior o reajuste proposto é de 0,89%. Repito: 0,89! É preciso que o governo e a sociedade entendam que piso não é teto. Pagar o piso é obrigação.

A postura de Paulo Câmara segue a risca as diretrizes do seu mentor, o ex-governador Eduardo Campos, que em 8 anos de governo retirou direitos dos professores e conseguiu transformar o salário dos docentes do estado em o pior do Brasil. Eduardo Campos também conseguiu a façanha de ser pior do que Jarbas Vasconcelos, que foi outro governador que ajudou a afundar a educação do estado.

Mesmo que se diga que os resultados de Pernambuco nas avaliações nacionais sejam expressivos, a realidade é totalmente contraditória, já que o governo que é de resultados – muitas vezes maquiados –, esquecendo-se da valorização dos professores e de estimular a qualidade. Quem está no dia a dia das salas aulas pelo estado afora sabe da realidade.

Muitos talvez, insistam em falar das escolas de referência, no entanto, não percebem que a escola em tempo integral aos moldes do que é adotado hoje proporciona um aprendizado com base na seleção, ou seja, um ensino de exclusão. Sendo assim, as escolas de referência acabam não contemplando a universalidade, um dos princípios básicos da educação pública brasileira. Uma prova disso é o fato de que as ER’s trabalham com os alunos mais bem preparados do que os da escola tradicional, e mesmo assim, ainda não consegue recuperar vários deles.

Também não adianta falar em tablets para os alunos, porque isso é nada mais nada menos do que uma política eleitoreira. As escolas não estão preparadas para uso dos tablets, alunos e professores não são capacitados pelo estado para usarem a ferramenta em sala de aula.

É em meio a esse cenário que os professores estaduais irão realizar uma assembleia nesta segunda-feira (23) à tarde, em Recife, na qual será decidido o inicio ou não da greve da categoria. O desejo da maioria é de entrar em greve, caso o governo não mude de ideia e resolva negociar. Esperamos que os colegas da rede municipal tenham mais sorte e conseguiam o aumento sem muito estresse, mesmo que a prefeitura ainda não tenha se manifestado sobre o assunto. O aumento naturalmente deve ser pago de forma retroativa aos meses de janeiro e fevereiro.

Um forte abraço e até a próxima!