O assunto da vez é a Câmara de Deputados Federais e o Estatuto da Família, quando todos achavam que o ilustríssimo presidente da Câmara, Eduardo Cunha não poderia fazer mais nada de surpreendente e pavoroso, eis que mais uma vez a Constituição é colocada à margem de preceitos religiosos. Na última quinta-feira (24), a comissão criada para se debruçar sobre a matéria aprova o texto principal, afirmando que uma família é formada pela união entre um homem e uma mulher, ou um dos pais e seus filhos. Se esse é o texto principal, imaginem o que ainda está por vir. A título de registro o estatuto foi elaborado pelo deputado pernambucano Anderson Ferreira (PR) e teve como relator o paranaense Diego Garcia (PHS).
Para a Constituição, esse Estatuto da Família foi pensado para assegurar políticas públicas de acesso à saúde, educação, segurança e demais bens públicos às famílias brasileiras. O problema é que nossos caros deputados não compreendem que as famílias no mundo inteiro não são mais as mesmas a muito tempo. Você pode acessar esses recursos contanto que sua família seja formada por casais heterossexuais, casados “de papel passado” ou que tenham uma união estável. Você mulher conservadora e você homem religioso, se forem “amasiados” também não têm uma família perante a lei máxima deste país. Você rapaz criado pela avó e você menina criada por tias, também não têm uma família, assim como os casais homossexuais e seus filhos que vocês julgam e fazem questão de discriminar.
A Constituição não pode discriminar, excluir e nem privilegiar. Entendedores entenderão que essa decisão privilegia uma ideologia, uma bancada fundamentalista, uma parte da população. A crise política que temos nesse país é justamente essa, legislação e religião não devem andar juntas para assegurar direitos a cidadãos.
39 comentários em OPINIÃO: Com estatuto aprovado pela Câmara a sua família vale, mas a minha não