*Paulo César é professor e pesquisador especialista em História Geral

Faltando apenas duas semanas para o desfecho do processo eleitoral, Serra Talhada recebeu a visita do governador Eduardo Campos (PSB), que veio com a missão de tentar reverter um quadro político extremamente desfavorável para o seu candidato a prefeito Sebastião Oliveira (PR). Ele chegou à cidade com status de “pop star”, fruto de um discurso maquiado e ambíguo que é difundido pela imprensa regional como sendo algo espetacular.

Ao analisarmos a postura de Eduardo diante do seu maior aliado, o ex-presidente Lula (PT), veremos que ele se comporta tal como um dos inúmeros personagens do dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues, cheio de sarcasmo e perversão. Digamos que o governador seja uma espécie de “Bonitinho, mais ordinário”. Isso pode ser comprovado pela sua relação dúbia com o líder petista. Na frente de Lula ele jura que é a união política é fiel e verdadeira, e por traz monta uma operação audaciosa para minar as forças do PT em vários estados, e em particular em Pernambuco. Eduardo Campos, mesmo sendo neto de Miguel Arraes, nunca teve nenhuma projeção nacional até a chegada de Lula e do PT ao poder em 2002.

Foi Lula que nomeou Eduardo para o Ministro da Ciência e Tecnologia em 2004 e foi quem deu o aval para que ele fosse candidato a governador em 2006. Lula nunca virou as costas para Eduardo, ao contrário do socialista, que constrói em Pernambuco uma aliança com um dos maiores desafeto do ex-presidente, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Mas, como na maioria dos textos escritos por Nelson Rodrigues sempre terminava em tragédia, fica aqui uma indagação: quem pagará o preço mais alto nessa relação de amor e traição, Lula e o PT ou “Dudu Beleza”?

No que se refere ao cenário local, somente através das pesquisas a serem divulgadas pelos blogs de Nill Júnior e Magno Martins é que poderemos ter uma sinalização se Eduardo conseguiu a façanha de rever a disputa em favor de Sebastião Oliveira, ou se a difícil tarefa cairá sobre os ombros da “santa aliança” formada por Inocêncio Oliveira (PR), Augusto César (PTB) e Geni Pereira (PSB).