lovewins

Por Emmanuelle Silva, estudante de Letras na UFRPE/Uast, militante social e redatora/repórter do FAROL

Têm assuntos que devem ser debatidos e outros que precisam ser debatidos. Privei-me de escrever artigos de opinião para o FAROL por algumas semanas por me dedicar à escrita acadêmica e finalizar minha graduação. Ao mesmo tempo meu teclado e minha mente estavam aflitos para propor temas que têm tomado às páginas dos principais jornais do país e do estado, além de repercutirem todos os dias nas redes sociais. Desde a parada da diversidade de São Paulo, e o caso da “crucificação” à aprovação do casamento gay nos Estados Unidos, muita conversa esteve em pauta.

Muito discurso de amor e ódio sendo proferidos ao vento enquanto adolescentes, jovens e adultos LGBTs são violentados, mortos e descriminados. Dados de 2014, de pesquisas divulgadas pelo Grupo Gay da Bahia, mostram que a cada 28h um homossexual é morto por motivação homofóbica. 312 ocorrências registradas em 2013 e 40% dos assassinatos de LGBTs aconteceram no Brasil, de acordo com diversas agências internacionais. Dos 10 estados mais mortais para pessoas da comunidade 6 são do Nordeste, Pernambuco está em 6º lugar. Deixando de lado um pouco os dados, vamos pensar um pouco em símbolos e imagens.

Muitos se sentiram ofendidos com a imagem da atriz transexual que desfilou na parada da diversidade de São Paulo, downloadmas não se ofendem com a violência e o preconceito. A menos que estes e outros males sociais atinjam uma comunidade social a que você pertença. A representação simbólica feriu imagens sagradas para os católicos e eu me pergunto se não fosse uma transexual na parada gay será que seria ofensivo? Neymar na capa da revista não foi? Bezerra da Silva na capa do seu LP também não? E Marcelo D2 quando regravou as músicas do sambista?  Mas e a rainha do pop Madonna foi? Óbvio que não! Cada um da sua forma utilizou a metáfora da cruz para enfatizar os sofrimentos que carregam e a dor que eles mesmo ou seus semelhantes sofrem.

Agora a gente se depara com uma conquista extremamente relevante para a sociedade estadunidense, que servirá de exemplo para muitos outros países. 50 estados de um grande e poderoso país legitimam o casamento igualitário, muitos americanos comemoraram e o dono do Facebook, Mark Zuckerberg criou uma ferramenta para colorir as imagens de perfil que viralizaram na web junto da hashtag #Lovewins (O amor vence) e novamente vem uma porção de pessoas criticarem, dizer que é modinha. Pior, querer menosprezar a conquista associando a fome e miséria no mundo. Li em uma das publicações e trago o comentário por ser contundente: “Ao invés de desprezar a luta alheia, cuzeslevante-se do sofá e vá doar alimentos, ser voluntário em alguma Ong, enfim, lute pelas suas causas”. Quem milita pelos seus ideais jamais estará sem representação.

Enquanto fundamentalistas religiosos se engessam nas visões de mundo mais preconceituosas e exclusivas possíveis, eu fico feliz com Moçambique estar discutindo e descriminalizando a homossexualidade e a cada dia as “minorias” estarem conquistando espaço, direitos e representação política. O grande contingente de pessoas que sofrem preconceitos nos mundo pelos mais diversos e banais motivos devem ocupar tantos lugares de destaque quanto os que são ditos “normais”. Afinal, o que é ser normal para você? Para mim, normal é considerar justa toda forma de amor.

 

Mas vamos ao debate!