ciceroFotos: Farol de Notícias / Alejandro Garcia

Cícero Nunes, que diz ser tataraneto de Agostinho Nunes Magalhães, fundador da Capital do Xaxado, prestou queixa na Delegacia de Polícia contra a Prefeitura de Serra Talhada, por ter, segundo ele, invadido uma faixa de terra na Estação do Forró. A disputa pela área vem desde 2009 e durante entrevista ao FAROL, Cícero Nunes diz que vai até o fim em busca dos seus direitos.

Na semana passada, em entrevista ao FAROL, por telefone, o procurador do poder municipal, Carlo Giovanni, disse que a área em questão é do governo federal e que a prefeitura tem a prerrogativa de agir como bem entender.

FAROL: O senhor Cícero veio visitar o FAROL porque está com uma disputa judicial com a Prefeitura de Serra Talhada, que durante os festejos juninos mandou arrancar umas estacas e cercas, fixadas pelo senhor, próximo à Estação Ferroviária. A sua família é realmente proprietária daquela área. O que é que realmente está acontecendo?

Cícero Nunes: Essa situação vem se alastrando ao longo dos anos, mas em 2009 começou um debate depois que a gente recebeu a autorização do Conama – Conselho Municipal de Meio Ambiente de Serra Talhada para dar início a um projeto de continuação de rua e consequentemente loteamento, se fosse necessário. E depois que a gente começou cortar as algarobas o vice- prefeito, na época, em abril de 2009, chegou com a polícia militar. Por consideração, por ele ser meu parente, a gente conversou e ficamos esperando um possível acordo por todos esses anos.

Ele (Luciano Duque) assumiu a prefeitura e até agora não nos procurou para nenhum acordo. Eu viajei para São Paulo, deram início a construção de um posto de saúde e eu consequentemente pedi para que embargassem o posto, temos autorização para cortar as algarobas e não fizemos isso. Dia 22 de junho, a prefeitura enviou máquinas e arrancou algarobas, escavou o terreno sem me consultar, sem me procurar. Consequentemente, no dia 29 eu cerquei a propriedade. Quando foi no dia 30, de madrugada, eles chegaram lá à surdina e arrancaram minhas estacas, recolheram meus arames e agora eu fiquei realmente sabendo que foram pessoas da prefeitura, porque eu vi essa reportagem no Farol de Notícias, que está posta para todo mundo ver desde o dia 30 de junho.

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E eu estou aqui, exigindo o meu direito de resposta, para dar a população uma resposta, em respeito às pessoas que estiverem lendo. Eu estou à disposição para ir a qualquer ambiente, a qualquer departamento para comparecer, mostrar as escrituras, mostrar os projetos. Realmente a prefeitura tentou tomar uma área que não pertence a ela, nós não estamos falando da faixa de domínio da antiga Rede Ferroviária Federal. Estamos questionando as áreas remanescentes, que sempre me pertenceram, sempre estiveram na nossa posse. Desde a morte do meu pai e continuam na nossa posse. Somente isso que estamos fazendo.

Estamos tomando as medidas para preventivamente proteger aquela área que tentaram cavar e arrancaram algarobas sem o nosso consentimento. Então, eu cerquei para que terceiros de má fé não continuassem fazendo isso. Infelizmente, esses terceiros de má fé, provavelmente, como eu imaginei, são pessoas da prefeitura. E a certeza que eu tenho agora é que foi gente da prefeitura. Fiz o boletim de ocorrência. Não acusei diretamente, porque não tinha visto, fizeram isso pela madrugada. Está o boletim de ocorrência, tiveram várias ocorrências aqui. A gente já tem até processos contra a prefeitura, demandas que estão tramitando na justiça e estamos à disposição para quem quiser nos ouvir e mostrar todas as documentações, que forem exigidas a exigidas a serem mostradas.

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cicero 2Cícero Nunes mostra a planta da área e alega que uma faixa de terra da Estação do Forró é sua

FAROL: Trocando em miúdos, a prefeitura lhe tratou como invasor quando, de fato, a prefeitura é que fez a invasão da sua área?

Cícero Nunes: E também causando a mim um certo constrangimento. Eu me sinto constrangido, isso é um constrangimento ilegal, causando danos morais a minha imagem. Eu não moro aqui, mas minha família mora aqui. Pessoas de má fé estão sujando a minha imagem pública dentro do município, quando eu estou tentando me restabelecer por aqui. Sendo que eu sou legítimo herdeiro da propriedade, meu pai tinha muitas terras e Serra Talhada, desde a propriedade Malhada Vermelha até Açude Velho, que se chama Fazenda Malhada Vermelha. Parte meu pai adquiriu por compra e herança, parte foi por herança dos seus pais. Eu sou tataraneto de Agostinho Nunes de Magalhães, o fundador de Serra Talhada, que era bisavô de meu pai. Então, se eu continuasse falando aqui de pessoas desconhecidas, mas se alguém não me conhece, deve ter ao menos ouvido falar do meu tataravô, que foi quem fundou essa cidade.

FAROL: Para finalizar, o que o senhor pretende fazer daqui para frente? Espera justiça?

Cícero Nunes: Eu espero que Serra Talhada aja com justiça, porque eu tenho, inclusive, um dossiê no qual eu tive a ousadia de colocar como tema Serra Talhada, a nova Canudos. Eu espero não ter que apontar ninguém como conselheiro, eu espero que isso seja apenas uma forma expressiva, espero que seja apenas uma dúvida do que esteja acontecendo. Porque eu nunca imaginei que no século XXI, no segundo milênio ainda existia esse comportamento de desmandos que não respeitam a Constituição Federal, que não tratam as leis com devido respeito.

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FAROL: O senhor tem algo mais para declarar?

Cícero Nunes: Eu quero agradecer pela oportunidade de entrevista, estou à disposição. Muito obrigado. Parabenizo o FAROL DE NOTÍCIAS pelo excelente trabalho que está tendo uma grande repercussão e à disposição. Quem quiser saber, quem quiser ouvir, quem quiser ver os documentos, escrituras, projetos, mapa, tudo que for necessário. Eu já estive, inclusive, falando com o secretário Marcondes (Planejamento), de quem eu tenho aqui protocolado assinaturas e carimbo, que entreguei escrituras e mapas e ele está ciente de toda essa realidade.

Espero que o secretário Marcondes, que é o secretário mais importante do município, ele é o secretário de Gestão, o secretário de Planejamento do município, ele está ciente que eu estou falando a verdade. E estou à disposição do município, se me chamarem para fazer algum acordo, para propor acordo, para o que for necessário. Mas não dessa forma arbitrária e violenta que vem me tratando desde 2009.

Assista um trecho da entrevista com Cícero Nunes