As vítimas, de 8 e 14 anos, voltavam do catecismo quando foram abordadas por um suspeito com uma faca/Foto: Amanda Rainheri/ JC

Era para ser um dia de folga comum para a soldado Manuele Silva, de 33 anos. Por volta das 17h desse sábado (5), ela seguia para um restaurante no bairro do Cordeiro, Zona Oeste, onde almoçaria com o marido, quando avistou uma tentativa de assalto a dois meninos, de 8 e 14 anos. Sem pensar duas vezes, Manuele reagiu e, mesmo desarmada, conseguiu evitar o roubo.

Em entrevista ao JC, a policial, que tem uma década de experiência na PM e atua no Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO), falou sobre o ocorrido. Confira a entrevista:

Jornal do Commercio: Como você chegou até os garotos?  

Manuele Silva: Eu estava de folga, tinha saído do cursinho e estava a caminho de um restaurante, onde ia encontrar meu marido para almoçar. Quando passei pela Rua Paes Cabral, vi os dois meninos sendo abordados pelo suspeito. Ele já tinha conseguido roubar o maior e estava tentando esfaquear o menor, de 8 anos. Aí eu não aguentei.

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JC: O que aconteceu depois?  

Manuele: Eu botei o carro para cima dele. O suspeito tentou fugir, mas fui atrás, desci do carro, peguei ele e joguei a faca para longe, começando o procedimento de imobilização. Ele, então, começou a chamar por Lucas.

JC: Lucas era o segundo suspeito. Ele estava armado?  

Manuele: Não. Ele chegou por trás, me suspendeu e jogou para longe. Na mesma hora, levantei e continuei a perseguição.

JC: Você estava desarmada, não ficou com medo?  

Manuele: Não pensei em nada além da criança, só queria salvar ela. O instinto policial é mais forte. É algo que não tem como explicar.

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JC: Você já tinha passado por uma situação semelhante?  

Manuele: Foi a primeira vez que presenciei algo em um dia de folga. Já participei de outras ocorrências envolvendo crianças, mas nunca desarmada.

JC: Você disse que não conseguiu aguentar ver o menino sendo agredido. Você tem filhos?  

Manuele: Não, mas tenho sobrinhos. De qualquer maneira, eram crianças. Querendo ou não, nós, mulheres, somos sensíveis. Não consegui ficar sem fazer nada naquela situação.

JC: Como estavam os meninos?  

Manuele: Ficaram muito assustados. Eles estavam voltando para casa do catecismo quando foram abordados. Já estavam perto de onde moram. Conversei com a mãe na delegacia e ela disse que o menor estava em choque.

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JC: Muitas pessoas estão elogiando sua coragem. Como você se sente com esse título de heroína?

Manuele: Esse é o meu serviço como policial militar. É nisso que trabalho constantemente. Só quem é da área entende esse instinto.

JC: Você estava no lugar certo, na hora certa.

Manuele: Sim, ainda bem. Não sei o que aconteceria com os meninos. Deus sabe o que faz.