Do Diario de PE

Ao completar 60 anos de existência, o mais importante prêmio literário do Brasil, o Jabuti, passa por reformulações com o propósito de conquistar mais leitores e seguir como ativo cultural nacional. O anúncio das mudanças foi feito em entrevista coletiva em São Paulo com a presença do presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Luís Antonio Torelli e do filósofo e professor da Universidade de São Paulo Luiz Armando Batolin, que lidera o conselho curador. Também foi anunciada a abertura das inscrições, que podem ser feitas até 28 de junho.

Os curadores ressaltaram que as mudanças apontam na direção de democratizar o prêmio, propondo ações para ampliar o número de leitores. Nesta edição, a CBL premiará ações de incentivo à leitura, que podem ser desde a realização de saraus na periferia como a criação de aplicativos para facilitar a leitura no ônibus ou no metrô. “Sem o leitor nada existe”, afirma Luiz Armando.

A curadoria pretende “racionalizar” as categorias para que o prêmio se torne mais competitivo. As categorias foram reduzidas de 29 para 18, organizadas em quatro eixos: literário, ensaios, o livro e inovação. “O prêmio não fica menor. São as quatro colunas de sustentação do projeto de restauração dessa edificação antiga. Com os eixos conseguimos a racionalização”, afirma Luiz Armando.

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Outra mudança é facilitar a inscrição para os autores independentes, que pagarão “valores diferenciados”. As obras poderão ser enviadas também no formato PDF, o que barateia o custo da inscrição. “Não precisarão enviar cinco exemplares físicos, o que democratiza e facilita o acesso”, defende Luiz Armando.

Não haverá mais a premiação de segundos e terceiros colocados. Os jurados, que receberão as obras do formato eletrônico, indicarão dez finalistas. Nesta edição, a CBL premiará apenas o primeiro lugar que, diferentemente das edições anteriores, só será revelado no dia da cerimônia marcada para 8 de novembro às 19h no Auditório do Ibirapuera.

A mudança aproxima se espelha no Oscar, a maior premiação do cinema, que indica finalistas, mas só premia o melhor de cada categoria em grande cerimônia. O vencedor de cada categoria receberá R$ 5 mil. A láurea de livro do ano pagará ao vencedor R$ 100 mil. Podem concorrer tanto livros de ficção como os de não-ficção. A diretoria da CBL também indicará personalidade do ano. Na última edição, a vencedora foi a escritora Ruth Rocha. Para essa homenagem, cada um dos diretores da CBL fará a indicação de nome e depois entram em consenso sobre o vencedor.

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O prêmio aumenta o destaque dado ao livro como objeto. Em um dos eixos, serão reconhecidos o melhor projeto gráfico, capa, ilustração, além de incluir a categoria impressão. “A impressão é um dos atrativos para conquistar público, o leitor novo. O livro impresso é muito forte. Os jovens querem o objeto físico”, diz. As estratégias para cativar jovens leitores passa pela valorização da história em quadrinhos. Como gênero literário híbrido, as HQs concorre no eixo literatura e também podem disputar melhor capa, projeto gráfico, ilustração e impressão.

Luiz Armando ressaltou que o prêmio, criado para destacar o mercado editorial, está totalmente voltado para o leitor. Inclusive, pontuou que a comissão julgadora será formada por “bons leitores”. Antes a titulação acadêmica determinava a escolha de quem integrava o júri. Com as mudanças, não será preciso que o leitor tenha títulos, mas que possua, comprovadamente, experiência de leitura.

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PRÊMIO JABUTI

Conheça as 18 categorias incluídas em quatro eixos:

Literatura – romance, poesia, conto, crônica, infantil e juvenil, tradução e HQ

Ensaios – biografia, humanidades, ciências, artes e economia criativa

Livro – projeto gráfico, capa, ilustração e impressão

Inovação – formação de novos leitores e livro brasileiro publicado no exterior

Valor das inscrições:
R$ 285 (associados da CBL). R$ 327 (autor independente, ou seja, autor que se autopublica e não está abrigado por nenhum selo de editora ou quaisquer pessoas jurídicas). R$ 370 (associados de entidades congêneres). R$ 430 (não associados). Em caso de coleção, os valores são R$ 440 (associados da CBL); R$ 457 (autor independente); R$ 475 (associados de entidades congêneres); e R$ 515 (para não associados)