Fotos: Farol de Notícias/Alejandro García
São mais de uma década animando o arraiá da quadrilha Bela Vista no Bom Jesus, em Serra Talhada, unindo a comunidade do bairro e espalhando entre os moradores um legado de amizade, entrega e dedicação durante o São João. Toda essa tradição vinha sendo sustentada pela costureira Maria Sofia, de 67 anos, mas há três anos acabou por falta de apoio. Em conversa com o FAROL, dona Sofia desabafou sobre a pouca valorização do São João na Capital do Xaxado. “Organizei quadrilha aqui na rua Bela Vista há 12 anos, mas essa tradição findou só deixando saudade na gente”, lamentou dona Sofia remexendo nas memórias.
“Essa rua ficava repleta de gente, era a festa melhor que já teve aqui na região de Serra Talhada. A quadrilha deixou de se apresentar porque deixamos de receber incentivo necessário para se manter. Gasta muito fazer essa brincadeira e o povo daqui não dá valor a cultura, quadrilha juninoa é cultura. A gente vai pedir um patrocínio e dão R$ 1 real, R$ 2 e aí não dá. E eu era que completava o resto. Muitas vezes a gente ganhava uns tecidos e eu costurava as roupas dos 24 dançarinos, e fazia tudo só pela alegria de ver o povo dançando”.
Dona Sofia: falta de apoio venceu o amor e a dedicação aos festejos juninos
Dona Sofia é fã da quadrilha matuta e não vê com bons olhos as ditas estilizadas. Ela recorda que passava dias a fio concentrada na confecção das roupas dos quadrilheiros. O resultado de tanto amor foi correspondido com uma grande homenagem à costureira, quando a quadrilha Mundo Maravilha levou para as ruas o nome de dona Sofia, festejando com danças, gritos e palmas mais de uma década de paixão da costureira. Atualmente, dona Sofia lamenta que tem passado os últimos festejos juninos amargando saudade. Ela pendura na sala de casa as fotos do tempo que marcou a sua vida.
“Quando eu vejo outras quadrilhas dançarem fico emocionada ao lembrar da nossa da rua Bela Vista. Meu sonho é voltar a organizar a quadrilha da rua Bela Vista, porque as novas quadrilhas chamadas estilizadas não estão com nada. O povo tem a história de uma quadrilha estilizada, mas quadrilha é aquela que é matuta mesmo. Essas quadrilhas estilizadas não estão com nada. Sonho em voltar a fazer, eu adoro, por isso eu não vou nem assistir as outras quadrilhas, me dá vontade de chorar. Dá saudade, ave maria. A rua aqui era animada por causa da quadrilha”, ressaltou, emocionada.
A rua Bela Vista, no Bom Jesus, viu nascer o amor de Sofia pela quadrilha matuta
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