Por Alcilânia Lima, professora especialista em Docência em Libras); e Rita Silva, professora tradutora-intérprete

Publicado às 05h21 deste domingo (6)

Em 24 de abril de 2002, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida oficialmente como a segunda língua do nosso país, pela lei 10.436, configurando-se numa grandiosa conquista para a comunidade surda. Completando 16 anos em vigor, cabe lembrar, ainda é alvo de desconhecimento e, consequentemente, preconceitos dos mais diversos.

A Libras é a forma de expressão e comunicação por meio de sinais, gestos e expressões visuais-motoras, que possui um sistema linguístico com estrutura gramatical própria, utilizada pela comunidade surda – segundo a referida lei. Ressaltamos que a comunidade surda não é composta apenas pelas pessoas surdas, como o termo pode sugerir, mas também por seus familiares e profissionais da área.

Essa língua é composta por muitas facetas que precisam ser pautadas cotidianamente, podemos mencionar algumas como: o sujeito surdo, a surdez, a cultura surda, a educação de surdos e a própria Libras. Explorando-as resumidamente, podemos desmistificar algumas ideias pré-concebidas.

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Por exemplo, o surdo não é mudo, não é deficiente mental; o surdo fala, independentemente de emitir som ou não; a surdez não é hereditária, pode ser congênita ou não; os costumes da e adaptações feitas para o povo surdo se constituem em cultura ou culturas.

Se pensarmos surdos e os deficientes auditivos a educação deve ser bilíngue, planejada de modo a valorizar a percepção visual e contar com no mínimo três profissionais. Sendo eles, o instrutor de Libras, o professor bilíngue de português como segunda língua e o tradutor intérprete; e a Libras que, como já mencionamos quatro vezes nesse texto, é uma língua e como tal possui regras e gramática próprias, não se trata de mímica e não é universal.

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Caro leitor, quantas dessas informações já eram do seu conhecimento? Se todas, saiba que há muito mais nesse “novo” mundo a serem desvendadas. No entanto, a maioria das pessoas desconhece a existência e a importância da Libras para as pessoas com surdez e mesmo para a sociedade em geral, uma vez que é por meio dela que nós podemos (inter)agir como cidadãos.

Falamos em “novo mundo” com o intuito de destacar que de tantas vezes a história ter sido apagada dos nossos livros, por vezes, tendemos a acreditar que na antiguidade, por exemplo, não havia surdos.

No dia 23 de abril, comemorou-se o Dia Nacional da Educação de Surdos e, pensando essa data frisamos que o direito prioritário ao ensino de libras (considerada a primeira língua dos surdos, devendo ser ensinada nas instituições educacionais desde a educação infantil) e o ensino da língua portuguesa (como segunda língua na modalidade escrita), existe.

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Contudo, ainda precisa ser efetivado, viabilizando a educação bilíngue. Infelizmente, sabemos que quase não há instituições de ensino (pública ou privada) que contemplem essa formação, o que os priva do direito de aprender e atuar socialmente.

Dessa forma, as pessoas surdas por não terem acesso a Libras, muito menos a uma educação de qualidade, enfrentam sérias dificuldades. E para além disso, redobram a luta por inclusão social, seja a luta diária de cada um, seja a luta organizada pelas as associações. Então, conhecendo um pouco, aproveitando a data e tendo em mente que o ser cidadão passa pela compreensão e pelo respeito ao outro, façamos parte dessa luta por equidade social.