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Por Cleonice Maria, presidente da Fundação Cabras de Lampião

Maria de Fátima Blandino dos Santos (à esquerda de roupa branca), nome bastante familiar a minha pessoa. Estudamos juntas no ensino médio no final da década de 80. Hoje, lendo as notícias de nossa cidade me deparo com a mais triste delas. O assassinato de Mariinha (apelido a qual era chamada por seus familiares). Fiquei chocada com tal brutalidade. Como alguém pode cometer tamanha maldade com um ser humano?

Fátima, era uma jovem comum, como qualquer outra. Conhecemo-nos na escola Solidônio Leite, onde cursávamos a oitava série. Concluímos juntas o Ensino Fundamental. De lá seguimos para o Colégio Cônego Tôrres para fazer o Ensino Básico (Ensino Médio), fiquei pouco tempo, tive que desistir dos estudos. Fátima continuou. Participou da Banda de Música do Cônego, fez curso de enfermagem, exerceu a função de enfermeira no Pronto Socorro São José. Teve dois filhos e muitas amizades.

A vida nos leva para caminhos diferentes, Fátima progredia nas coisas que realizava. Era uma moça inteligente, alegre e cheia de sonhos. Infelizmente, foi empurrada ao mundo das drogas, mergulhou no mais profundo abismo, ainda muito jovem. Sempre que eu a encontrava ficava sem entender como aquela jovem que era filha caçula, bem tratada, como ela podia cair tanto. Mas a resposta é sempre uma, as drogas nos levam para um caminho muito difícil, transforma as pessoas, as tornam dependentes e sem controle si mesmo.

Acredito e tenho certeza que a família tentou ajudá-la a sair daquela vida. Dependente do álcool, Fátima não conseguia se libertar e preferia viver na rua. Acho que era onde ela se sentia “livre”, “independente”, “à vontade”. Lamento profundamente o ocorrido. Eu sempre via em Fátima uma pessoa sem oportunidades, inofensiva e indefesa. A violência tem que ser vista e tratada de forma mais contundente. São vidas que estão sendo tiradas impunemente, são famílias sendo destruídas. Até quando?

Não falo aqui apenas por Fátima que a conheci e tive a oportunidade de conviver com ela, de desfrutar de sua amizade, de conhecer de perto a grande pessoa que ela era. Não só por ela, mas por todas as mulheres que estão sendo assassinadas, espancadas todos os dias diante dos nossos olhos. Temos que dar um BASTA na violência, temos que exigir JUSTIÇA, temos que LUTAR por uma sociedade de paz e de respeito às MULHERES.

Não podemos se omitir enquanto mulheres são espancadas, estupradas e mortas em nossa sociedade. No caso específico de Fátima posso afirmar que foi um gesto covarde e miserável que a justiça precisa esclarecer e aplicar a lei, pois trata se de uma monstruosidade cometida por alguém que sequer merece viver em sociedade. Além do mais, ela, que já era fragilizada pela dependência química, mereceria mais respeito e atenção especial.

À família de Mariinha quero deixar aqui a minha indignação pelo o acontecido. Que Deus a receba em lugar infinitamente maravilhoso e cheio de Glórias, iluminado como era o seu sorriso. Minhas sinceras condolências.