Passei parte da minha infância ajudando o meu avô, Augusto Duarte, no Armazém São Francisco em dias de feira livre. Meu objetivo era apenas um: ganhar um dinheiro para compra do ingresso da matinê do Cine-Art, que começava às 13 horas. Saía correndo para não perder a sessão, e parecia entrar num outro mundo quando as luzes apagavam e a imensa tela mágica começava a mudar de cor.

Minhas matinês prediletas eram os filmes de Tarzan, o Rei da Selva. Também adorava a macaca Chita. Quando terminava deixava a sala de cinema empolgado, pulando nos bancos da praça e dando gritos tentando imitar meu herói. Eu fui criança feliz.

O Cine-Art também tinha sessões noturnas e aí era todo um ritual. Como esquecer de Raimundo Santana, o projetista, bilheteiro e o “faz tudo” do cinema? Como esquecer da pipoca, dos risos pós sessão e do escurinho do cinema. Como esquecer das sessões faroeste com Giuliano Gemma, o eterno Ringo, que faleceu há bem pouco tempo? Não tenho uma má lembrança sequer do Cine-Art onde vivi momentos de felicidades. Hoje, pagamos um preço muito alto por vivermos numa cidade onde as opções de lazer se resumem às mesas dos bares e aos shows de baixa qualidade que o poder público nos oferece. Agora é com você: conte a sua história com o saudoso Cine-Art.