Foto cedida pelo vereador Dedinha Inácio

Publicado às 06h17 desta quarta-feira (22)

Paulo César Gomes passa a escrever esta coluna às quartas, sextas e domingos

A foto acima é da chegada do primeiro trem de passageiros em Serra Talhada, justamente no dia da inauguração da Estação Ferroviária, em 07 de fevereiro de 1957. O transporte ferroviário aproximou a cidade sertaneja da capital. Muitos serra-talhadenses desembarcaram a primeira vez em Recife, saindo de um vagão de um trem.

Apesar de ser um veículo moderno para a região, a qualidade dos serviços prestados pela empresar RFFSA era questionada por usuários do meio de transporte. Um desses usuários era o Souza Neto (1957) – não se sabe se era seu nome verdadeiro ou codinome -, que em um texto escrito para o Diário de Pernambuco, denominado de “Suplícios Modernos”, no qual faz duras críticas “a falta de conforto” e nas “péssimas qualidades dos serviços” oferecidos pela empresa responsável pelos trens:

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Depoimento
[…Conforto? Nem é bom falar! Neste meado de século XX, na era do ar condicionado, das cabines pressurizadas, dos assentos de espumas e das poltronas recicláveis, viajar de Serra Talhada a Recife no comboio da Rede Ferroviário do Nordeste, constitui em uma epopeia digna de registro. É uma prova de tenacidade, uma demonstração de caturrice.

Recebe-se poeira até na menina dos olhos. Vê-se ali pelos mais comezinhos princípios de higiene. E que dizer das privadas, sempre fétidas, e dos restaurantes (quando os há) onde a comida é escassa, mal feita e astronomicamente cara, culminado tudo isso, as desatenções dos copeiros que vêm no ocasional freguês um inimigo em potencial. E o fumo e os ciscos atirados pelas “maria-fumaça”, e o bamboleio e o ranger dos carros que danças sobre os trilhos obsoletos e mal seguros? …] (Diário de Perna mbuco, 2 1 de dezembro de 1957).

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**Texto extraído do livro “SERRA TALHADA: CEM ANOS EM QUARENTA (1940-1980)”, publicado em 2019.