Por Gootembergue Mangueira, professor do ensino básico de Serra Talhada

Os tecnocratas da educação (aqueles que nunca deram uma aula, ou esqueceram que deram) sempre acham que o professor é culpado pela falta de interesse do aluno. Não dou a mínima para essa acusação ridícula. Ninguém vai fazer sentir-me culpado pelo desmantelamento da escola, da família e da educação. Que os verdadeiros corresponsáveis por essa situação assumam seus erros e não fiquem se escondendo por trás do autoritarismo covarde atribuindo culpa a quem não a tem.

É por causa dessa mentalidade provinciana, agenésica, entre outros fatores, que a educação brasileira amarga colocações medíocres nas avaliações externas e internas. Se acham que o aluno não tem culpa de nada, quanto ao seu fracasso escolar, então ele nunca vai ter interesse em melhorar, pois os outros é que são os únicos responsáveis pela irresponsabilidade deles(alunos).

Sempre fiz o meu trabalho com muito compromisso, visando sempre o melhor para meus alunos, porém a maioria não quer saber de estudar e a família, que deveria ser a grande motivadora deles, não está nem aí. E sobra tudo para a escola que tenta, mesmo capengando, fazer a sua parte, mas não consegue porque está engessada pelo descaso dos governantes mentirosos, hipócritas. Nos pagam um salário “misère” e divulgam por aí, que o professor é importante! Que importância temos para vocês?

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Dizem que investem em educação, com aquelas propagandinhas veiculadas na mídia televisiva; mas na verdade, a intenção é destruí-la para que ela não produza inteligência e a sociedade continue no nubivaguismo que se encontra, caminhando para o nada, refletindo sobre coisa alguma.  Zumbis em busca de alma.

O poder público não valoriza o professor e, de quebra, os pais acham que nós devemos ensinar aos seus filhos aquilo que eles (filhos) já deveriam aprender  antes de chegar à escola, que é: respeitar, conviver, viver e entender que o futuro deles depende só deles e de mais ninguém! Os outros ( escola, religião e até a própria família, são incentivadores) e fornecem o suporte, mas se não tiver vontade e a consciência de que estudar é importante para suas vidas, nada feito!

A situação está cada vez mais insustentável e se não fizerem nada para mudar, a escola como microssistema social, vai desaparecer juntamente com o professor.

Em resumo, os problemas da educação têm duas grandes vertentes: o afastamento da família da vida escolar do aluno e a clássica desvalorização do professor pelos governantes. No que se refere à família, percebo que ela (não são todas, claro) na prática, não vem cumprindo o seu papel de parceira da escola na educação dos seus filhos; portanto o que assistimos, hoje, é uma escola sem forças para educar. Nesse sentido, se tem  uma visão progressivamente desencantada.

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Antes dessa nova (des)ordem social, emancipada pelas cabeças idiotas, o professor poderia contar com o pai e a mãe dos alunos quando o assunto era disciplina( não só ausência de atitudes agressivas físicas/verbais no âmbito escolar, mas no que tange a objetivos na vida). Estamos sentido falta disso!

Afinal de contas, é por meio das interações familiares que se concretizam as transformações na sociedade que, por sua vez, influenciarão as relações futuras. Ela durante muito tempo constituiu-se a principal responsável por incorporar as transformações sociais e inter-relacionais ocorridas ao longo do tempo. No ambiente familiar, a criança aprendia (parece que não aprende mais) as habilidades sociais com as quais irão interagir.

DESRESPEITO

Os alunos estão indo para escola desrespeitar professor e ainda mentem dizendo  em casa que eles é que são  vítimas dessas agressões. A “família”, por sua vez, dá crédito as falácias e procuram a imprensa para sem nenhuma prova, denunciar o professor. Ora, pais e mães, ao invés de estarem perdendo tempo com picuinhas, que não ajudam em nada, eduquem melhor seus filhos. Não sejam reféns da vontade deles, pois isso terá, no futuro, um preço muito alto.

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Somos devastados pela incerteza de uma educação efetivamente de qualidade em todos os sentidos e temos que conviver cotidianamente com essa angústia. A escola da esperança, da cidadania,  dos processos de libertação e consciência crítica está dando lugar a uma escola de medo, um campo de batalha onde professores e alunos vivem em constantes conflitos, não ideológicos, mas de forças, de poder, numa ralação cada vez mais conturbada.

Se a família e o poder público continuarem achando que só quem deve ter compro