Fotos cedidas ao Farol de Notícias

Publicado às 04h50 desta sexta-feira (27)

Aos 15 anos ela pegou na agulha e linha para alinhavar a vida e juntar os ponteiros do seu destino. Purcina Pereira de Sá, 50 anos, jovenzinha filha única do agricultor Nestor Pereira de Magalhães, e da mãe costureira Constância de Lorena Magalhães, naturais de Serra Talhada. Os pais já deixam saudade, mas também a criaram com mãos cheias de talento e sabedoria simples do campo, formado a profissional que “Edna Costureira” é hoje.

Edna, como é conhecida carinhosamente por todos, graças aos mandos de Padre Jesus, que encomendou a mãe que tirasse o primeiro nome. É uma das mãos experientes de 35 anos de máquinas, agulhas e linhas, a tornou uma das mais habilidosas e respeitadas costureiras de Serra Talhada. Ligeirinho desenha, corta e costura um pano fino transformando-o em um belíssimo vestido.

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Suas criações modestas, mas cheias de encanto, vestiu e veste gerações inteiras de famílias. Noivas, madrinhas, debutantes formandas e diversas mulheres da cidade em suas ocasiões importantes. Edna é uma daquelas profissionais de confiança, que as clientes se apegam e só querem fazer costura com ela.

Enquanto isso, Edna “criava os filhos na máquina”. Mãe de três: Rammon Patrick, de 32 anos, Policial Militar e graduado em Direito; Gabrielle Pereira, 27 anos, estudante de Farmácia; e Rayssa Pereira, 22 anos, que também pretende seguir os passos do irmão mais velho e cursará Direito. Seu maior orgulho na vida é ter cuidado de seus meninos com muito amor, carinho e dando-lhes a melhor herança que poderia, a educação.

“Quando eu era pequena, ao invés de eu ficar brincando, minha mãe me colocava para ficar fazendo alguma coisa na costura, e eu ficava mexendo nas máquinas e aprendi. Quando eu casei, comecei a trabalhar para ajudar a criar meu filho mais velho. Fui para São Paulo e lá tive que estudar mesmo a profissão para me especializar e ajudar nas despesas de casa. Com dois anos lá meu primeiro marido me deixou e eu já estava com dois filhos. Nessa época trabalhei com alta costura, com fardamentos e vários locais. Criei todos os meus filhos na máquina costurando. E o que me emociona é ter criado meus filhos, dado bom estudo e como filho de pobre tiveram tudo que eles quiseram”, comentou em entrevista no Farol de Notícias, denotando em sua voz o claro o orgulho que tem de sua trajetória.

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MEMÓRIAS E DESAFIOS DA COSTURA

Edna Já deu aulas no Senac sobre corte e costura, trabalhava freneticamente, mas hoje se preserva em uma vida mais sossegada, morando na zona rural, no sossego da conquista de uma chácara.

Ao Farol confidenciou alguns dos momentos mais marcantes de sua carreira, vestidos e peças que lhe desafiaram. Uma delas foi a toga para a nora, na formatura de Direito, a primeira que costurou na vida. A jovem fez questão que fosse feita pelas mãos da serra-talhadense.

“Esse vestido de Martinna, filha da Pastora Tatiana Duarte e Marquinhos Dantas, foi um dos momentos marcantes também, porque elas confiaram a mim vestir um sonho que tinham. E foi muito bonito. Fiz o da noiva, da mãe Tatiana e o blazer do marido dela”, afirmou Edna, revisitando as fotos e embargando a voz de emoção nas fotos e histórias.

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