Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 05h32 desta quinta-feira (17)

Trabalhador no ramo do conserto de bicicletas resiste ao tempo e a modernidade e há 27 anos presta serviços à população serra-talhadense. Com muita estima e orgulho pela fidelidade dos clientes que conquistou, logo quando retornou a Capital do Xaxado, após anos tentando a vida lá fora, o ‘Baixinho das Bicicletas’, como é mais conhecido, tem uma vida marcada por muita luta, mas é um vencedor.

Geraldo Olímpio de Melo, 64 anos, perdeu os pais quando tinha apenas 5 anos e, a partir de então, passou a viver com os padrinhos. Antes de completar a maior idade, viu a necessidade de ganhar seu próprio dinheiro, porém não encontrou oportunidades em Serra Talhada. Diante dessa necessidade, ele se mudou para outras cidades e por alguns anos trabalhou em diversas firmas como: Ecosil, Usina de Sobradinho, Servi Engenharia e Odebrecht. No entanto, chegou um momento que decidiu que seria dono do seu próprio negócio e a partir daí começou a história de Baixinho da Bicicleta.

APOSTANDO NO PRÓPRIO NEGÓCIO

”Abusei de ser mandado por um e por outro, e hoje eu sou mandado por todo mundo. Pensei: vou deixar essa vida de ser empregado e vou tentar um comércio. Cheguei em Jatobá-PE e comecei trabalhar com bicicletaria e lá trabalhei 15 anos nessa mesma função em sociedade com outro rapaz. Quando eu cheguei lá, ele já tinha uma oficinazinha, mas muito fraca e para melhorar eu tinha que misturar com meu dinheiro também para ficarmos com um comércio melhor, e melhorou, chegamos a ter 3 oficinas”, disse ‘Baixinho’.

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Após 15 anos trabalhando em Jatobá, no Agreste, ele resolveu voltar para Serra Talhada a pedido do sogro quando chegou a época da aposentadoria e precisava dos cuidados de alguém. ”Na hora que ele mais precisava eu não podia dizer não. Resolvi vir e já estou aqui há 27 anos e não tenho o que dizer, só agradecer a Deus e aos serra-talhadenses porque me ajudaram muito”, disse, acrescentando:

”Essas pessoas, que me procuraram nesse tempo que eu cheguei, são meus fregueses até hoje. Tenho um prazer muito grande quando eu recebo cada um, vem eles e os filhos. Hoje são médicos, advogados, dentistas e continuam vindo. Tenho um prazer enorme de ver que esses meninos cresceram na vida e mesmo assim continuam vindo e trazendo os filhos, é muito gratificante”, relembrou.

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O TRABALHO

Baixinho conserta bicicletas de adultos e de crianças, bicicletas de corrida e passeio e também faz consertos de motocicletas, faz manutenção em geral e ainda faz montagem de bicicletas mesmo sendo compradas em outras lojas. Vende peças, tanto nova quanto usadas, peças de materiais de construção e vendo bicicletas usadas, após fazer a manutenção e deixá-las novinhas.

Ele é pai de 3 filhos e revelou ao Farol que todos foram criados com o sustendo vindo da oficina, para ele é motivo de muita gratidão: ”Só tenho que agradecer por tudo porque Serra Talhada me deu uma forma para eu viver e manter minha família e, para mim, é muito importante e a vida continua assim, um ajudando o outro”, disse acrescentando:

”Quando a gente faz as coisas certinhas, o nome da pessoa gira, sempre aparece novos clientes porque a melhor coisa que tem é a fazer a coisa bem feita. Eu sei que as coisas andam difíceis para todo mundo e não é mais como era, mas de qualquer forma, todo dia eu trabalho. Conserto uma moto, remendo um pneu, ajeito uma bicicleta, monto outra, vendo uma peça e a gente vai sobrevivendo assim.”

A OFICINA E A PANDEMIA

Na oficina, ele conta com a ajuda da esposa e dos filhos. O filho José Marcelo, 26 anos, perdeu o emprego devido à pandemia e está sempre ajudando o pai, já a esposa fica com ele no estabelecimento no turno da tarde ajudando no atendimento e assim resistem ao tempo prestando um atendimento de qualidade e prezando pelas boas relações. Em 2021, Baixinho completará 65 anos e vai tentar a aposentadoria, porém revelou ao Farol que acredita que não conseguirá sair deixar sua profissão.

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”Quando a pessoa é acostumado a trabalhar desde criança é muito difícil chegar numa certa idade e ter que parar. Eu acho que eu não consigo parar, enquanto eu puder me movimentar eu vou movimentar porque a vida de parado é triste, a gente podendo fazer alguma coisa é bom fazer. Eu não vou acostumar sair daqui porque também quando chega uma pessoa eu fico muito feliz porque o tempo está preenchido, um conta uma história ouro outras e assim vai.”