Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 05h23 deste sábado (8)

No próximo domingo (9) é comemorado o Dia das Mães em todo o Brasil, uma das datas mais afetivas do calendário e com o isso o Farol resolveu contar a história da mãe serra-talhadense Ana Cristina Gomes da Silva Coelho, 32 anos, foi mãe pela primeira vez aos 19 anos. mesmo nova sempre foi o seu sonho, então planejou muito e pedia a Deus um menino e foi atendida, mas não imaginava que sua missão seria muito maior. Hoje ela é mãe de um casal e faz sucesso no TikTok com seus filhos, já são mais de 135 mil seguidores e 1.600.000 curtidas.

Há 12 anos Cristina deu a luz a José Pedro, mais conhecido como Pedrinho, um menino que nasceu normal e aparentemente saudável, descobriu aos 3 meses de vida uma doença rara. Sua batalha começou muito cedo e a força da sua mãe o fez vencer as barreiras médicas. Pedrinho teve 3 AVCs com apenas 2 anos e com isso vieram muitas complicações, um bebê que antes tinha uma vida normal, passou a ficar dependente, mas isso não fez com que Cristina baixasse a cabeça.

“Muitas mulheres pedem uma menina, mas eu pedia um menino e Deus me contemplou. Quando eu soube que estava grávida, que eu fiz a ultrassom e descobri que era menino foi a coisa mais importante da minha vida e eu falo que ser mãe começa aí nesse momento, da descoberta da gravidez, já começa aquele sonho se realizando. Eu agradeço muito a Deus por ele ter me dado a dádiva da vida de poder gerar e ser essa mãe. Eu me sinto uma boa mãe, independente das minhas falhas como humana”, afirmou Cristina acrescentando:

“Sou muito grata por poder compartilhar com tantas mães as minhas experiências, sempre falo que independente das situações da vida, elas são mulheres e elas precisam estar bem com elas mesmas para poder passar para os filhos, porque eu diante da minha situação de ser uma mãe atípica, eu sempre falo para as mães: “se meu filho me ver toda desorganizada, deprimida, eu acho que estou passando isso para ele”. Para Alicia eu estou tentando passar o que é ser feliz diante do sofrimento, porque você não pode só ser feliz quando sua vida é perfeita, até porque ninguém tem vida perfeita, cada um tem suas dificuldades, cada um tem seus momentos de alegria, de tristeza. E eu só tenho a agradecer a Deus por esses 12 anos sendo mãe”.

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O LUTO E O RENASCIMENTO

Apesar da descoberta do problema de coração de Pedrinho ter sido um susto, Cristina continuou correndo atrás de batalhar pela vida do seu filho. Com 1 ano o menino iria fazer uma cirurgia que não deu certo, com 2 anos teve 3 AVCs e o seu quadro só se agravou, a mãe fala desse momento de dor em sua vida.

“Quando Pedrinho sofreu esses AVCs eu vivi o luto de um filho que eu idealizei, como toda mãe idealiza aquele filho saudável, perfeito, aquele filho que com 1 ano já está andando e falando e de repente eu vi tudo isso acontecer e com 2 anos eu vi tudo isso desaparecer da minha vida, só escutava os médicos falarem que não podiam fazer mais nada pela vida dele. Em 2011 quando Pedrinho ficou especial ficamos 8 meses dentro do hospital e foi um período que a gente só estava esperando ele partir, mas Deus tinha outra missão na minha vida como mãe”, detalhou completando:

“Deus me capacitou nesses 12 anos que Pedrinho tá aqui, para cuidar dele e também me deu a missão de ter Alicia e hoje me sinto muito agraciada, são mais de 500 mães de crianças especiais aqui em Serra Talhada que eu represento nesse dia das mães, para mim é uma honra representar tantas mães guerreiras. Muitas me procuram na hora da descoberta de ser mãe de uma criança especial e sempre falo que viva o seu luto, mas que renasça e seja forte, não se vitimize diante de sua dor e do seu sofrimento”.

O SUCESSO NO TIKTOK

Cristina é uma pessoa muito animada de extrovertida, quando Pedrinho entrou em um quadro irreversível os médicos o mandaram para casa e pediram para interagir muito com ele, a mãe não contou conversa e desde então dança e canta com a criança. Com o estouro da rede social TikTok, ela aproveitou para postar os vídeos dançando com Pedrinho e Alicia, as visualizações só crescem e hoje já são quase 2 milhões de curtidas e mais de 135 mil seguidores.

“Eu sempre fui muito animada, sempre fui muito ativa, eu gostava de bola, capoeira de dançar. Em 2011 quando eu trouxe Pedrinho ele não mexia nada, ele era totalmente parado e os médicos pediam para eu interagir muito com ele, para ele reativar a memória e com isso comecei dançando, brincando e foi assim que fui criando outras memórias para a vida dele e nas redes sociais como Pedrinho gosta muito de interagir, comecei a postar. Muitas mães falam que sentem vontade de fazer os vídeos, mas ficam com medo e eu sempre falo que o que importa é estar feliz”, ressaltou Cristina complementando:

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“São vídeos que eu posso estar contribuindo na vida de pessoas deprimidas porque têm um filho especial e eu acho que quando a mulher recebe a missão de ter um filho especial, ela não tem que morrer ali como mulher, ela precisa reaprender a ativar a vida dela, porque eu tenho um filho especial e ele gosta de ser feliz. Meus vídeos são mais um incentivo para Pedrinho e para Alicia, para eles virem que diante de qualquer sofrimento a gente não pode baixar a cabeça, precisamos ser felizes e eu amo ser feliz”.

Sem medo de julgamentos a mãe de Pedrinho e Alicia se joga nos vídeos, dança, brinca e se diverte muito com os pequenos. São memórias afetivas criadas para alegrar toda sua família, Cristina faz questão de largar tudo para ver o sorriso dos filhos e não liga para as críticas que recebe.

“Ser mãe de um criança típica é fácil, mas ser mãe de uma criança especial é difícil. Quando a gente quer a gente consegue um tempinho, muita gente pergunta onde arrumo tempo para gravar, eu arrumo Pedrinho ligeirinho, arrumo Alicia, deixo a casa suja e começo a dançar e brincar, porque o bom da vida é ser feliz, hoje eu estou aqui, amanhã posso não estar, então pelo menos um legado eu vou deixar para Alicia e Pedrinho vai ter tudo em sua memória”, afirmou com um sorriso no rosto.

O TRATAMENTO PALIATIVO

São 12 anos vivendo de incertezas, porém sem perder a esperança, a sua fé em Deus é algo lindo, Cristina não consegue esconder a emoção ao falar da dor de saber que a qualquer momento seu filho pode virar um anjo. Ela luta para que ele consiga ter uma qualidade de vida melhor enquanto estiver entre nós e apesar do sofrimento, ela quer o sorriso estampado no rosto do seu menino.

“Meu maior sentimento diante do tratamento paliativo é saber que estou cumprindo a missão de buscar tudo que ele precisa para ter uma qualidade de vida enquanto ele estiver comigo. Na minha conduta de Deus, independente dos cuidados paliativos, todos nós temos uma missão e todos nós temos o tempo de ficar aqui e temos o tempo de voltar e sabemos que uns vão mais tarde e outros mais cedo. Para mim é muito difícil, porque as mães querem ser enterradas pelos filhos e não enterrar os filhos”, relatou sem conter as lágrimas e ainda acrescentou:

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“O melhor é fazer tudo com amor, é você se entregar verdadeiramente àquela missão, os médicos sempre falam que não entendem como ele ainda não foi, mas sempre falam da certeza do amor que eu tenho por ele. Eu acho que não tem como uma mãe não ter medo desse momento, mas não me deixo cair em depressão porque eu sei que ele precisa de mim e ele precisa ser feliz o quanto ele viva e esse papel como mãe eu estou fazendo”.

SER MÃE DE DOIS

Alicia não foi uma filha planejada pelos pais, no entanto Deus a colocou na vida de Pedrinho para trazer mais alegria e amor. O olhar de Pedrinho é encantador ao ver sua irmã, assim como o carinho que ela tem por ele, Cristina se sente abençoada pela família que construiu.

“Alicia veio para mim instruída por Deus, ela é muito compreensiva, ela entende que o cuidado que eu tenho com Pedrinho não é porque eu não a ame, mas sim porque ele precisa de mais cuidado e atenção, porque têm muitas crianças que não entendem isso, escuto relatos de mães que sempre fala que os filhos cobram muito a atenção. Nunca Alicia abriu a boca para falar que eu não a amo, ela sabe que ele não come só, não faz as necessidades e ela entende que não tem amor separado, apenas um cuidado diferenciado porque ele tem a necessidade e eu acho muito lindo o amor desses dois”, declarou.

Assim como Cristina, muitas mães passam por situações desafiadoras na vida, ser mãe atípica só lhe trouxe força, ela é um exemplo de alegria e carisma. O seu maior impulso é ver os seus filhos felizes e para isso ela se joga e não liga para o que vão falar, ela dança e canta, brinca e chora, ela não tem medo e enfrentar a vida, ela é mulher, mãe e exemplo. Se você ainda não assistiu seus vídeos no TikTok, basta seguir @cristinapedro22.