Publicado às 05h10 deste domingo (10

A foto em destaque é da Praça Agamenon Magalhães, no ano de 1957, tendo ao centro simpáticos serra-talhadenses que não se intimidaram com as lentes do fotógrafo. A imagem foi publicada na Enciclopédia dos Municípios do IBGE, edição de 1958.

Entre os detalhes que chamam a atenção, está o fato de não haver um calçadão separando a Igreja do Rosário do restante da praça, além disso, a praça era cheia de canteiros, com contornos e uma estética bastante moderna para a época. Nesse período também não havia ainda sido erguido o monumento com o busto do ex-governador Agamenon Magalhães, político que dá nome a praça.

Na década de 1980, a praça foi reformada e a popular Concha Acústica foi construída. A  Concha Acústica acabou se tornado um espaço tão popular ao ponto de ser citada em um trecho da música “Divina Cidade”, do ator, humorista, redator, cantor e compositor serra-talhadense Arnaud Rodrigues.

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Outros pontos que merecem registro são as casas onde residiu o ex-prefeito Cornélio Soares, uma à esquerda e a outra à direita, ao fundo da Igreja do Rosário dos Pretos, assim como também, a chaminé da antiga usina de beneficiamento de caroá (à direita).

Muitos dos prédios que aparecem na imagem foram construídos ainda no século XIX, mas que infelizmente boa parte deles acabaram sendo demolidos ou reformados e as suas fachadas não fazem mais parte do cenário arquitetônico do “marco zero”.

HISTÓRIA POLÊMICA

Durante as últimas décadas os historiadores e pesquisadores sempre reproduziram o fato de que a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que foi erguida pelos escravos, teve a iniciativa de Filadélfia Nunes de Magalhães, entre os anos de 1789 e 1790. Ocorre que Filadélfia sempre foi apontada como sendo filha do colonizador português Agostinho Nunes de Magalhães, no entanto, o Professor do DECON/PIMES UFPE, membro do CEHM (Centro de Estudos De História Municipal) e Pesquisador do CNPQ, Yony Sampaio, em artigo publicado na Revista de História Municipal, de dezembro de 2021, relaciona os nomes dos 10 filhos do português, segundo o que constam no seu inventário, procedido em 1798, sem que o nome de Filadélfia seja identificado. O professor Yony Sampaio, hoje um dos maiores pesquisadores da história da colonização do Sertão Pernambucano, registra que conforme os documentos, Agostinho teria tido pelo menos mais uma filha, de nome Francisca, falecida ainda criança.

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Esse detalhe apresentado no artigo reforça a ideia de que a História de Serra Talhada precisa ser revista no tocante a preencher lacunas que foram ignoradas por anos. O município cresceu e se tornou referência em muitos aspectos, porém, possui uma triste tradição de não preservar as suas memórias, sejam as documentais, as orais ou urbanísticas. A falta de estímulo e apoio às pesquisas históricas podem levar as futuras gerações a se ‘abraçarem’ as grandes falácias, mas por sorte, ainda temos grandes pesquisadores e historiadores, que mesmo a quilômetros de distância se preocupam em trazer à tona a verdadeira história de Serra Talhada.

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