Foto: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 14h desta sexta-feira (6)

A segunda edição da série Mulheres de Luta homenageia a professora aposentada Edleuza Maria de Souza Guerra, 63 anos, moradora do bairro Nossa Senhora da Penha, em Serra Talhada.

Em 1979, recém formada no magistério, Edleuza ingressou na docência na educação infantil. Na época, era tudo mais difícil. Morava na Carnaúba, hoje, Poço Redondo. No inverno, além do trajeto a pé, todas as manhãs a alfabetizadora atravessava o Rio Pajeú à nado. Foi preciso aprender a nadar para vencer aquela batalha diária e não deixar seus alunos sem aula durante as cheias do rio.

Somente após 20 anos que concluiu o magistério iniciou a graduação em Pedagogia pela Universidade de Pernambuco (UPE), e na sequência, se especializou em Psicopedagogia. Período este que tornou a trajetória da docente árdua, uma vez que além de professora, aluna, esposa, mãe, filha, dona de casa, ainda tinha sob sua responsabilidade cuidar de duas idosas, a mãe e a tia do esposo. No entanto, relata: “Foi um processo conturbado, mas dei conta e fazia tudo com gosto, principalmente cuidar das minhas anciãs.”

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No início, só com o magistério, com pouca experiência, e diante das dificuldades que surgiam ao longo dos anos letivos, relatou que, tinha que buscar metodologias alternativas para melhorar a aprendizagem dos pequenos, e por amor a profissão, correu atrás e conseguiu, viu a evolução de cada criança.

“Corri atrás de tudo aquilo que pude ver que iria ajudar a turma a evoluir, procurei todo tipo de metodologia e criei minhas próprias para acolher meus alunos e vê-los progredir.” relembrou Edleuza.

O ÁPICE

Foi a partir da busca incessante por metodologias alternativas e cerca de 30 anos experiência, que em 2013 escreveu a obra intitulada “É Tempo de Aprender”. A ideia do livro surgiu quando as colegas de profissão começaram a perguntar: porque só os alunos do “prezinho” dela já escreviam o nome e liam palavras curtas? A resposta da alfabetizadora foi que, se fosse contar tudo que tinha feito dava um livro. E assim o fez.

O livro foi submetido e aprovado pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. A obra é um grande legado tanto para a aprendizagem do aluno quanto para a formação de professores, pois é um projeto anual direcionado ao professor alfabetizador. É composto por músicas, paródias e  competências interdisciplinares, consequentemente contempla todas as disciplinas.

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Foi aderido tanto por algumas escolas privadas da Capital do Xaxado quanto por algumas secretarias municipais de educação. Com o tempo, os livros foram se perdendo, mas Edleuza relatou que, já em 2020, deixou novamente um exemplar na Secretária de Educação de Serra Talhada para a secretária Marta Cristina avaliar, e se quiser, aderir e disponibilizar para todos os alfabetizadores, solicitar uma nova tiragem.

“É um material muito bom, que ajuda muito ao professor e ao aluno. Todos que aderiram se deram muito bem. Por ser um livro cheio de musiquinhas, as crianças além de aprenderem ficam muito felizes e estimuladas a saber mais”, disse a professora, arrematando:

“Hoje, quando me encontro com os alunos que alfabetizei dizem que nunca esquecem aqueles momentos bons e prazerosos que finalmente conseguiram evoluir na aprendizagem. Isso é muito bom e prazeroso. A sensação é de dever cumprido, porque, ainda temos uma série de alunos que cursaram as séries iniciais, mas não saíram alfabetizados.”

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Edleuza Guerra aposentou-se com 38 anos de contribuição, mas sua jornada docente não encerrou com sua aposentadoria. Continuou fazendo seu brilhante trabalho de inserir as crianças no mundo das letras, assim, contribuiu para a educação dos serra-talhadenses mais quatro anos. E, só se afastou devido aos problemas de saúde do esposo. Mas ainda diz que pretende trabalhar, se sente muito feliz trabalhando e não gosta de ficar em casa sem trocar  ideias com os alunos, colegas de profissão e as mães.

 

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