Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 05h28 desta terça-feira (9)

Nessa semana das mulheres o Farol de Notícias buscou personalidades serra-talhadenses para homenagear. A  primeira entrevistada é Ataluzia Bethânia, 41 anos, mais conhecida como Nega do Táxi, a única taxista mulher da Capital do Xaxado. Nega que já foi gari, batalha desde criança para ter o seu sustento e hoje se sente realizada como taxista. Com uma personalidade forte e cheia de garra, Nega não corre da luta, foi gari, empregada doméstica e hoje é sua própria patroa.

“Sempre trabalhei de empregada doméstica e meu marido trabalhava para o irmão dele, depois ele teve que sair do [trabalho] do irmão e eu continuei trabalhando de empregada doméstica, mas sempre tive o sonho da gente trabalhar para a gente, ele comprou um carrinho velho e a prefeitura disse que não dava para trabalhar de táxi porque estava muito antigo e teria que pegar um carro com o modelo mais novo. Como eu trabalhava como empregada doméstica, financiei um carro, conseguimos a placa e não tinha sonho de ser motorista de jeito nenhum, jamais, mas meu marido me ensinou a dirigir”, explicou Nega acrescentando:

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“E para a dar a placa vermelha, eu teria que ser habilitada, tive que aprender a dirigir, tirar a habilitação e conseguimos colocar a placa. Continuei trabalhando de empregada doméstica para ajudar ao marido a pagar o táxi, só que teve um tempo que abusei de trabalhar de empregada doméstica, que as pessoas não valorizam a gente, resolvi vir ajudar o meu marido, ele trabalha de manhã e eu trabalho a tarde”.

Atualmente em uma profissão vista como masculina, Nega do Táxi é um exemplo que o medo não impede de realizar sonhos quando se corre atrás. “Com meus 10 anos de idade eu comecei a trabalhar de empregada, antes de casar eu já trabalhava para ajudar minha mãe, antes de conhecer ele [meu marido] trabalhei até de gari, mas era só contrato e fiquei sem o emprego, foi quando resolvi trabalhar de empregada doméstica e há 4 anos trabalho só no táxi”, ressaltou a taxista.

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MULHER EMPODERADA

Algumas pessoas ainda duvidam da capacidade de Nega no volante, mas ela tira de letra, segura do bom trabalho que realiza, e não baixa a cabeça. Inclusive, muitas mulheres se sentem mais seguras de pegar corrida com ela, a deixando feliz sempre que recebe elogios.

“Eu me sinto elogiada por outras mulheres, umas criticam, dizem que não é muito seguro ser taxista, que mulher não sabe dirigir, mas outros sabem dar valor. Logo no começo quando eu fui trabalhar eu era mais criticada assim: ‘ah, nossa tu dirige é? Tu tem habilitação?’, e tinha gente que dizia que tinha medo de pegar taxi só pelo fato de ser mulher e eu dizia: então para pega outro taxista, quando chegava no caminho sempre tinha o comentário ‘nossa, tu dirige melhor que muitos homens’, você pode criticar, mas antes da crítica você tem saber para poder falar, porque nem Jesus Cristo agradou o mundo, quanto mais nós”, detalhou com bom humor a taxista.

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Hoje a única fonte de renda da família é o táxi. Nega não se arrepende nenhum minuto de ter abraçado a profissão. Ela ainda deixa uma mensagem para todas as mulheres que enfrentam desafios na área profissional. “Lute, persista, eu nunca sonhava em ser motorista, mas meu marido me incentivou, ele dizia ‘você vai sim, como eu sou mais velho, no futuro você é quem vai trabalhar de táxi’ e eu dizia “Deus me livre”, eu morria de medo de dirigir, mas ele me ensinou e graças a Deus, hoje até viagem para fora faço. Eu não me arrependi, agradeço a Deus por ter me dado essa graça de trabalhar para mim mesma. Sou feliz com meu trabalho”, salientou.