O Carnaval deste ano foi, para mim, um momento de reflexão. Reflexão sobre tudo que passei em outros carnavais e sobre como essas lembranças se refletem sobre o meu futuro. Não sou folião de carteirinha. Muito pelo contrário. Estou para o frevo assim como o saudoso padre Jesus Garcia estava para a música popular brasileira.

De fato, veio à memória os bons e velhos carnavais da minha infância. Serra Talhada do Bar  Repeteco, do saudoso “Jarinho”. Do Bar do Poeta, das matinês do Cist e do Batukão, do Cariri no sábado de Zé Pereira, onde eu só conseguia dormir após vê-lo passar, e por aí vai… Entretanto, a minha grande saudade era o corso. Dezenas de automóveis que desfilavam pelas ruas da cidade, culminando com uma grande confraternizaçao na praça Sérgio Magalhães. Quem lembra?

O detalhe era que muitos veículos circulavam com baldes cheios de água para jogar nos foliões. Também tinha o confete e a serpentina que quase não se vê nos dias de hoje. Ah, e os banhos de talco: uma outra coisa que não me esqueço jamais. Quem não tomasse uma “talcada” não teria brincado o Carnaval.

Até lembro da minha marca preferida: O Cinta-Azul, com rótulo branco e letras azuladas. Não se falava em acidentes de carros ou motos, número de assasinatos, estupros ou coisa parecida. Por que os festejos mudaram tanto? Finalizo lembrando de um grande carnavalesco que me fez  “perder a cabeça”. O refrão:

“Eu mato, eu mato, quem roubou minha cueca ‘prá’ fazer pano de prato. Minha cueca, tava lavada, foi um presente que ganhei da namorada”. Ufa!Passei os quatro dias da folia cantando esta marchinha quando “estourou” nas rádios. Confesso a vocês, naqueles carnavais, eu era feliz e tinha certeza disso.