Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García

O assédio sexual expresso por cantadas e flertes nas ruas é um ato considerado machista sofrido diariamente pelas mulheres. Em Serra Talhada, um grupo de adolescentes usaram as redes sociais para relatar casos sofridos por um mototaxista da cidade. Em entrevista ao FAROL, algumas dessas jovens, muitas menores de 18 anos, relataram os casos e afirmam que o homem grita os comentários abusivos em plena luz do dia, durante seu horário de trabalho.

No relato da estudante A. G., 16 anos, ela deixa claro que não é o comportamento da mulher que induz o assédio. O caso aconteceu na última terça-feira (24). “Estava saindo da casa da minha tia perto do abrigo Ana Ribeiro, umas 22h, estava atravessando a rua e ele passou bem perto de mim e gritou em tom ofensivo. Eu tenho certeza que nós mulheres temos o direito de ir e vir, porque roupa não define caráter e nem dá direito de alguém me assediar”, enfatizou.

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A estudante N. L., de 15 anos, também foi vítima do mesmo mototaxista. “Comigo aconteceu no dia 21 de dezembro, eu estava perto da escola Imaculada Conceição por volta das 13h30, esperando meu irmão e então esse mototáxi passou já aos berros chamando a atenção de todos, começou a falar palavras de baixo calão, me senti muito violada e também fiquei chocada por ninguém nunca tomar uma atitude”.

Já M. E., de 19 anos contou que foi abordada por ele na porta da Faculdade de Integração do Sertão (FIS). “Comigo foram duas vezes, só no mês de dezembro, na entrada e na saída da Fis, ele ficou gritando do lado de fora e ninguém fez nada, ninguém se importou. Eu sinto que ele não tem o direito de falar o que pensa dessa forma, porque isso envergonha as mulheres e ninguém que presenciou a cena se importou ou fez com que ele parasse”, explicou a jovem.

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“Eu tenho certeza que nós mulheres temos o direito de ir e vir, porque roupa não define caráter e nem dá direito de alguém me assediar”, enfatizou A.G., de 16 anos

Em todos os relatos as jovens afirmam que as pessoas que presenciam os assédios reagem as cenas de violência. Segundo a estudante M. A., de 18 anos, o mototaxista age para intimidar. “Comigo aconteceu em novembro, várias vezes. Uma das últimas foi na AABB, próximo ao bar de Raimundo, às 19h. Estava passando com uma amiga, se aproximou, acelerou e gritou os insultos. Eu me senti muito constrangida”, finalizou.

DELEGADA FAZ ALERTA

A delegada da Polícia Civil de Serra Talhada, Andreza Gregório, ao FAROL afirmou que se o mototaxista for denunciado pode responder por constrangimento ilegal e até estupro.”Eu aconselho as meninas a denunciarem para analisarmos os casos individualmente, pois se ele voltar a assediá-las mais agressivamente poderá responder por estupro, quando há violência sexual ou a ameaça”, explicou.

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Ainda segundo o Conselho Tutelar da cidade, outros casos de assédio já foram notificados. O conselheiro Edvan Lima também indica o registro na DP local. “Não registramos nenhum com relação a esse mototaxista, mas outros casos já chegaram ao conselho, em menor escala que os casos de estupro de vulnerável. Entendemos que as menores devem procurar seus responsáveis para ir até a delegacia registrar Boletim de Ocorrência”.