Com exceção dos vegetarianos, todos gostam de um bom bife. Apesar disso, poucos sabem que a carne, quando oriunda de um abate inadequado do ponto de vista sanitário e de higiene, pode causar sérios problemas à saúde. Tuberculose, brucelose, cisticercose, parasitoses diversas e gastroenterite são alguns dos males que uma carne contaminada pode provocar. Esse foi um dos alertas apresentados pela Gerente Geral da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Governo de Pernambuco, a veterinária Erivânia Camelo.

Ela fez um balanço ontem à noite, da situação dos abatedouros em Pernambuco e das adequações impostas aos municípios pela legislação pertinente. A apresentação ocorreu durante audiência pública promovida pela Câmara de Vereadores e Prefeitura de Afogados da Ingazeira. A audiência tratou do novo abatedouro e da legislação que regula o abate e transporte da carne bovina.

“Estão surgindo alguns tipos de tuberculose humana com alta mortalidade, e que não respondem mais aos medicamentos. Estamos nos reunindo na próxima semana com técnicos da Secretaria de Saúde para cruzar os dados de onde elas estão ocorrendo, e de onde está o maior número de casos de tuberculose bovina, transmissível para o ser humano. Há uma suspeita de que há relação entre os casos,” informou Erivânia.

As péssimas condições de higiene do atual abatedouro de Afogados e do transporte da carne no município foram temas levantados pela população presente à audiência. Diversos marchantes do município também se fizeram presentes. A responsável pela Adagro elencou algumas das vantagens do novo abatedouro, como o controle de pragas, formalização das relações trabalhistas, aproveitamento da mão de obra local, redução das zoonoses, produção de uma carne mais saudável e livre de doenças, inserção do produtor no mercado formal, atendimento à legislação e tratamento ambientalmente adequado dos resíduos (fezes, sangue, sebo, conteúdo ruminal).

O Prefeito José Patriota ressaltou que garantir higiene e normas padrões para o abate é assegurar uma carne de qualidade na mesa do cidadão e, consequentemente, mais saúde para o consumidor. O promotor Lúcio Almeida informou que quando o novo abatedouro começar a funcionar, quem for flagrado abatendo animais clandestinamente pode ser preso. Além do Presidente da Câmara, Augusto Martins, participaram da audiência os vereadores Zé Negão, Luiz Bizorão, Raimundo Lima, Cícero Miguel, Pedro Raimundo e Reinaldo Lima. Os vereadores Franklin Nazário, Antonieta e Igor Mariano, justificaram suas ausências.

Ao final da audiência, os vereadores se comprometeram a votar o projeto que concede, por tempo determinado, a exploração comercial do abatedouro à iniciativa privada. O detalhamento será feito através do edital de licitação, que também deverá trazer as responsabilidades da empresa para com a manutenção e preservação do patrimônio público.